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Ebola deixou pelo menos 3.700 crianças órfãs na África Ocidental

Em Genebra

01/10/2014 09h50

Pelo menos 3.700 crianças de Guiné, Libéria e Serra Leoa perderam um ou ambos os pais vítimas do vírus do ebola, segundo estimativas da Unicef divulgadas nesta terça-feira (30).

O organismo disse ainda que o número de órfãos pode duplicar até meados de outubro.

"Sabemos que os números que temos são apenas a ponta do iceberg", afirmou Manuel Fontaine, diretor regional do Unicef para a África Ocidental.

Um dos principais problemas que os menores enfrentam é o fato de que, frequentemente, seus parentes os rejeitam por medo de que possam ser contaminados pela doença, explicou a Unicef.

"O estigma é o principal problema que enfrentamos. É raríssimo na África que as famílias não assumam o cuidado das crianças, isso mostra o medo que reina", afirmou Fontaine.

"Vemos que alguns parentes ou vizinhos dão de comer às crianças, mas poucas pessoas querem acolhê-los", acrescentou.

Diante desta situação, a Unicef tenta criar unidades infantis para acolher os menores órfãos, e uma das possibilidades seria que os sobreviventes ao vírus pudessem assumir as crianças.

Serra Leoa organizou um encontro de sobreviventes para meados de outubro no qual se analisará sua situação, mas principalmente seu papel na luta contra a epidemia.

Os sobreviventes sofrem estigma e frequentemente não são bem-vindos em suas comunidades.

A Unicef e a OMS (Organização Mundial da Saúde) consideram que os sobreviventes podem ajudar aos órfãos, trabalhar em centros sanitários cumprindo as mesmas normas de proteção de uma pessoa não contaminada e realizar tarefas de conscientização.

Segundo os dados apresentados hoje pela Unicef, dos mais de 3.100 pessoas que morreram pela epidemia, 15% eram crianças menores de 15 anos.

Por outro lado, a ONU informou hoje que do total de US$ 987 milhões solicitados na luta global contra o ebola, só foram recebidos até o momento US$ 254 milhões (26%).

O ebola infectou em seis meses 6.553 pessoas, o que se transformou na maior epidemia da doença desde que o vírus foi descoberto em 1976, na República Democrática do Congo (antigo Zaire).