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Governador vê situação "controlada" no RS e critica atuação de Bolsonaro

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) - Reprodução/Facebook/Eduardo Leite
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) Imagem: Reprodução/Facebook/Eduardo Leite

Antonio Torres del Cerro

29/05/2020 14h59

Enquanto os vizinhos Uruguai e Argentina mostram preocupação com os dados sobre a pandemia da covid-19 no Brasil, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), garante que a luta contra o novo coronavírus no estado, que faz fronteira com os dois países, está "controlada".

Em boletim epidemiológico divulgado na noite de quinta-feira, a Secretaria Estadual da Saúde informou que o número de casos confirmados de infecção pelo coronavírus no Rio Grande do Sul é de 8.234, e o de mortes por covid-19 chegou a 213.

O estado aplica desde o último dia 11 um sistema de "distanciamento controlado", que prevê quatro níveis de restrições que variam de acordo com a propagação da doença e a capacidade do sistema de saúde em 20 regiões pré-determinadas.

Em entrevista à Agência Efe, o governador revelou ter debatido nesta semana a situação das cidades de fronteira com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e contou que espera fazer o mesmo com autoridades argentinas.

Leite também fez críticas à atuação do presidente Jair Bolsonaro no combate à covid-19 no país. "O presidente da República (Bolsonaro) está enviando uma mensagem equivocada, de pouca assistência médica e pouca atenção à vida e à saúde das pessoas (...), mas garanto que nos estados estamos trabalhando muito para controlar essa propagação do coronavírus", disse.

Governador mais jovem do país, Leite, de 35 anos, foi apontado em fevereiro pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como um dos possíveis nomes para enfrentar Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022.

"É muito cedo para falar de 2022, e certamente estarei lá antes como cidadão do que como político, trabalhando por uma alternativa de centro no país", afirmou.

Confira a entrevista.

O Rio Grande do Sul tem uma fronteira extensa com Argentina e Uruguai. Considerando que os casos de coronavírus e mortes no Brasil dispararam, como o estado é visto pelos vizinhos?

Em relação ao Rio Grande do Sul, há um sentimento de que temos a situação sob controle, inclusive falei com o presidente do Uruguai (Lacalle Pou), nos colocamos à disposição para um trabalho conjunto, especialmente nas fronteiras. Mas o entendimento é bom, e estamos nos aproximando para um trabalho conjunto para estas cidades de fronteira. Como eu disse, a situação no Rio Grande do Sul está sob controle, e não recebemos nenhum relato de preocupação com Rio Grande do Sul.

Formaram uma comissão binacional?

Não chega a ser uma comissão. Tive o primeiro contato com o presidente do Uruguai nesta semana sobre as cidades de fronteira. Santana de Livramento com Rivera (Uruguai), Chuí e algumas cidades separadas apenas por uma ponte, como Rio Branco (Uruguai) e Jaguarão. A ideia é que possamos ter um trabalho conjunto, um cuidado e um monitoramento constantes entre nossas equipes de saúde.

Há alguma previsão de abertura das fronteiras?

Ainda não há previsão até que se tenha um quadro bem definido. Não há condições de atestar que estamos livres de problemas, de um lado ou de outro, é prematuro pensar.

No caso da Argentina, o senhor teve algum contato?

Com o governo da Argentina ainda não, mas pedi à minha equipe para fazer essa ponte, especialmente considerando as cidades que têm convivência maior e estão mais próximas.

O senhor se preocupa com o que seus vizinhos uruguaios e argentinos pensam do Brasil neste momento de pandemia? Que mensagem enviaria a eles?

Entendo que o presidente da República (Bolsonaro) está transmitindo uma mensagem errada, de pouco cuidado sanitário e pouco cuidado com a vida e a saúde das pessoas em função da questão econômica, mas asseguro que nos estados estamos trabalhando com muito afinco para controlar esta disseminação do coronavírus, até porque entendemos que saúde e economia não estão em polos opostos, mas caminham juntas, aliás, são dependentes entre si. Garantindo a preservação da vida e da saúde das pessoas é que damos a elas a segurança para que os que investem possam continuar investindo, e os que consomem, consumindo.

Faltam dois anos e meio para as eleições presidenciais, e Bolsonaro já anunciou que se candidatará à reeleição. No entanto, ainda não há um candidato claro na oposição. O senhor pretende disputar as primárias do PSDB para concorrer com Bolsonaro em 2022? O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso o citou como um possível candidato.

Nós não sabemos o que vai acontecer em relação ao coronavírus, menos ainda o que teremos de cenário político em 2022. Muito me honra ter meu nome lembrado (por FHC), e reforça minha convicção de que estamos numa boa diretriz, num bom caminho, e naquilo que me propus, cumprindo essa missão, e quando ela estiver efetivamente cumprida, vamos ver quais as futuras missões que me reserva este caminho que escolhi na política. Muito cedo para falar em 2022, e certamente vou estar como cidadão trabalhando para que haja uma alternativa de centro no país.