Plásticas e transtorno mental podem ser as causas do 'novo rosto' de atriz
O exemplo da atriz Renée Zellweger, que surpreendeu o mundo ao surgir com a aparência irreconhecível, levantou questões com relação aos limites da cirurgia plástica --e possivelmente de como algumas pessoas se enxergam. A atual aparição da estrela hollywoodiana fez muitos duvidarem que se tratasse da mesma pessoa, tal era a diferença nos seus traços, embora não apresentassem o estilo "repuxado".
Alguns especialistas, entretanto, apontam a possibilidade de que mudanças radicais como essa estejam ligadas a um transtorno. Recorrer exageradamente às plásticas ou a outros recursos para se sentir mais bonito é uma característica típica de quem sofre de dismorfofobia, distúrbio psicológico que significa medo da forma.
Tecnologia x exageros
Segundo o cirurgião-plástico Carlos Aberto Komatsu, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, atualmente há tecnologia suficiente para se modificar totalmente o rosto de uma pessoa, sem dar a impressão “de que ela entrou em uma máquina de vento”.
“Você pode aumentar ou diminuir o queixo, aumentar ou diminuir as bochechas do rosto, aumentar ou reduzir o tamanho da testa, encurtar ou alongar a face, tudo isso mexendo nos ossos ou nos músculos. Como a face é tridimensional, se aumentar ou reduzir algo, repercutirá na aparência da pessoa”, diz.
Para o cirurgião Alessandro Spíndola, especialista em cirurgia-geral, as últimas imagens da atriz indicam que ela passou por uma série de procedimentos cirúrgicos, em geral benfeitos, na opinião do médico.
“Ela deve ter feito preenchimento com ácido hialurônico nas maçãs do rosto e abaixo dos olhos, pode ter feito peeling no rosto, usado toxina botulínica na testa, feito cirurgia nas pálpebras e até um lifting facial. O que ocorre é que nos Estados Unidos eles são mais agressivos na plástica facial”, diz Spíndola.
As injeções de ácido hialurônico, de toxina botulínica são as mais usadas para amenizar e sumir com as rugas do rosto. O preenchimento com o ácido reduz as linhas de expressão. Já a toxina deixa a pele lisa porque paralisa o músculo, mas se for usada em grandes quantidades deixa o rosto sem expressão.
A blefaroplastia, ou plástica nas pálpebras, tem a função de levantar o olhar, enquanto o lifting facial, mais radical, descola toda a pele do rosto e a estica, deixando a aparência da pele lisa e firme.
Como evitar exageros?
Para os dois cirurgiões plásticos, pedidos esdrúxulos ou exagerados por parte dos pacientes não devem ser tolerados. Cabe ao cirurgião orientar o paciente e mostrar as melhores opções.
“O importante é a orientação do cirurgião plástico e qual é o objetivo do paciente. Se é algo que não está bonito, ele vai deixar bonito, mas sem retirar a característica da pessoa. Tem que ficar parecida com quem sempre foi, só rejuvenescida. Esse é o objetivo da cirurgia plástica”, diz Komatsu.
Para Spíndola, o cirurgião tem condições de perceber casos patológicos logo na primeira consulta, durante a conversa e a leitura de um questionário que pergunta ao paciente se ele faz terapia ou se usa medicamentos controlados.
“Alguns pacientes, às vezes, querem fazer o que não tem necessidade. O cirurgião tem que escutar os anseios deles, mas tem que explicar que ele não pode fazer tudo o que acha que poderia. Só faço o que eu acho plausível”, diz.
Transtorno mental
Mas afinal, quando o paciente ‘viciado em plásticas’ pode ser considerado doente?
“Quem tem uma insatisfação constante com a aparência, que não corresponde à realidade, e apela nas tentativas de mudança, seja com cirurgias ou com algo mais agressivo, sofre de um transtorno chamado dismorfofobia”, diz Maurício Mantovanelli, psicólogo da Unimed Costa Oeste.
Amores não correspondidos, bullying ou uma grande frustração costumam ser a origem do problema, que deve ser tratado com psicoterapia. Os sintomas aparecem geralmente na adolescência, mas como é comum a busca pela aceitação na juventude, eles costumam passar despercebidos. Quando seus efeitos aparecem na fase adulta, podem dificultar o tratamento, embora o transtorno seja reversível.
“O problema só passa a ser considerado patológico quando há exageros e começa a causar sofrimento. O tratamento deve ser analítico; a pessoa vai entrando em um processo de reconhecimento e aceitação no qual começa a valorizar o que tem de bom, a ressaltar suas qualidades e começa a encarar a vida de uma forma mais natural”, diz o psicólogo.
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