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Coronavírus: novo medicamento da Gilead será testado em humanos na China

Laboratório na Alemanha analisa exames de casos de suspeita de coronavírus - Marijan Murat / dpa / AFP
Laboratório na Alemanha analisa exames de casos de suspeita de coronavírus Imagem: Marijan Murat / dpa / AFP

Da Bloomberg News

03/02/2020 10h20

Com o objetivo de encontrar terapias para os infectados pelo novo coronavírus e vacinas para proteger o restante da população, a China iniciou um ensaio clínico para testar rapidamente um medicamento.

O remdesivir, um novo medicamento antiviral da Gilead Sciences com foco em doenças infecciosas como ebola e SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), será testado por uma equipe médica do Hospital da Amizade China-Japão, com sede em Pequim. O objetivo é verificar a eficácia do tratamento contra o novo coronavírus, disse hoje uma porta-voz do hospital à Bloomberg News.

O teste para o medicamento será realizado em Wuhan, cidade da região central da China e marco zero do surto viral que até agora matou mais de 360 pessoas, infectou mais de 17 mil na China e se espalhou para mais de uma dúzia de países. Cerca de 270 pacientes com pneumonia leve e moderada causada pelo vírus serão recrutados em um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, segundo reportagem do jornal chinês The Paper publicada ontem.

Fabricantes de medicamentos como GlaxoSmithKline, assim como autoridades chinesas, correm contra o tempo para desenvolver vacinas e terapias para combater o novo vírus, que é mais contagioso do que a Síndrome Respiratória Aguda Grave e que pode custar à economia global quatro vezes mais do que o impacto de US$ 40 bilhões causados pelo surto da SARS em 2003. A decisão de realizar testes em humanos para o remdesivir mostra que o medicamento está entre as terapias mais promissoras contra o vírus, que até agora não possui tratamentos ou vacinas específicas.

O medicamento experimental ainda não foi aprovado para uso por nenhum regulador de medicamentos no mundo, mas está sendo usado em pacientes infectados na ausência de opções de tratamento aprovadas, disse a Gilead em comunicado na semana passada.

Linha de frente

Autoridades de saúde, no entanto, dizem que a versão de uma vacina pode levar três meses para estar disponível para os primeiros estágios dos testes em humanos, enquanto o desenvolvimento de uma vacina eficaz geralmente leva anos.

Isso coloca o remdesivir na linha de frente do combate à infecção.

O primeiro paciente nos Estados Unidos infectado pelo vírus, um homem de 35 anos, mostrou melhora da pneumonia depois de ser medicado com o remdesivir, disseram médicos responsáveis por seu tratamento em estudo publicado no New England Journal of Medicine na semana passada.

O estudo na China pode levar à rápida aprovação do remdesivir pelo órgão regulador chinês, que em alguns casos tem sido o mais rápido do mundo. A legislação da China agora permite a aprovação condicional de medicamentos com dados clínicos que demonstrem eficácia contra doenças que colocam a vida de pacientes em risco e que não dispõem de terapias existentes.

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