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Após Bolsonaro furar isolamento, Mandetta fala em 'não apontar dedo'

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, dizia valer a regra do bom senso na primeira etapa da chegada da doença ao Brasil - Jose Cruz/Agencia Brasil
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, dizia valer a regra do bom senso na primeira etapa da chegada da doença ao Brasil Imagem: Jose Cruz/Agencia Brasil

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

16/03/2020 20h38Atualizada em 16/03/2020 23h18

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, evitou falar sobre a atitude do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que durante as manifestações de ontem abraçou apoiadores e manteve contato físico com dezenas de pessoas. O comportamento do presidente foi criticado por infectologistas e contrariou as orientações do Ministério da Saúde.

Mandetta disse que "não é hora de apontar o dedo" e, ao ser questionado pelos jornalistas que faziam a entrevista coletiva, disse que a aglutinação dos repórteres e cinegrafistas está longe de um comportamento adequado.

"Ao invés de apontar o dedo, olha o que este fez, olha o que este fez. Está na hora de todo mundo entender que vai ser o comportamento coletivo que a gente vai ter mais intensidade ou menos intensidade dos casos", disse após uma reunião com a cúpula do Judiciário e do Congresso.

O ministro falava sozinho em um púlpito a cerca de três metros dos jornalistas, que estavam aglomerados em uma área restrita montada por funcionários do Supremo Tribunal Federal.

Mandetta alegou ainda que viu inúmeras aglomerações nos bares do Leblon (bairro nobre do Rio de Janeiro) e nas praias cariocas.

"Eu acho que o presidente teve a sua passagem ali que vocês podem questionar. Agora, ontem a praia estava superlotada no Rio de Janeiro. Os bares do Leblon, que eu os conheço ali, no baixo Leblon, tenho amigos meus que mandaram várias fotos brindando. Estavam todos lotados", disse Mandetta.

O ministro seguiu a respostas e disse que no sábado foi confirmado o primeiro caso na favela da Maré, no Rio e disse que cultos e missas começaram a ser suspensos. "Está na hora de todo mundo entender que vai ser o comportamento coletivo que a gente vai ter mais intensidade ou menos intensidade dos casos", declarou.

Os jornalistas, porém, voltaram a questionar a atitude de Bolsonaro durante os atos.

"Eu não analiso atitude individual. Estou dizendo que a sociedade como um todo.... Vocês da imprensa, quando se aglutinam todos aqui, um do lado do outro, falando ele no seu ouvido, como você está aí na frente [aponta para um jornalista], vocês estão muito longe de a gente ter um comportamento que a gente possa falar que é adequado", disse.