Casos suspeitos de coronavírus quadruplicam em um dia no país e vão a 8.819
Em um dia, o Brasil quadruplicou o número de casos do novo coronavírus investigados pelo Ministério da Saúde. Até o dia 16, esse número estava em 2.064 pessoas. Ontem, em seu informe diário sobre a covid-19, a pasta informou que 8.819 casos estão sob suspeita —ou seja, estão aguardando resultados dos testes que indicam a presença do vírus no organismo. São 30 casos suspeitos para cada confirmado.
Em sete dias, o número de casos confirmados e suspeitos aumentou exponencialmente. A reportagem utilizou dados compilados a partir de 10 de março, quando o Ministério da Saúde informou que iria alterar o método de contabilização dos casos que apresentaram diagnóstico positivo e que estão em investigação. A partir daquela data, os estados passaram a alimentar uma plataforma federal com os dados de pacientes.
No dia 10 de março, o ministério contava 34 casos confirmados, 893 suspeitos e 780 descartes (quando o paciente não é diagnosticado com novo coronavírus pelo teste). Ontem, esse número saltou para 291 confirmados (8,5 vezes maior) e 8.819 suspeitos (9,8 vezes maior).
O estado de São Paulo continua na ponta desta tabela. São 164 casos confirmados (156 na capital), 5.047 suspeitos (57% do total) e 709 descartados (37,5% do total). A partir de segunda-feira (23), instituições de ensino do estado, shoppings e academias da região metropolitana da capital serão fechadas.
O aumento exponencial dos números converge com as expectativas de pesquisadores no Rio de Janeiro que traçaram cenários da proliferação do vírus nos próximos nove dias. No cenário "mediano", cientistas da PUC-Rio, FioCruz e do Instituto D'Or da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro afirmaram que o país deve registrar 3.750 casos confirmados no dia 26 de março (12 vezes maior que o número atual).
No pior cenário, a expectativa é de que, em nove dias, o país tenha 4.970 casos.
Falta de testes
O número de casos descartados do novo coronavírus, no entanto, não acompanhou a evolução de confirmados e suspeitos no Brasil. No dia 17, foram relatados pelo ministério 1.890 casos descartados, número 2,4 vezes maior que na semana anterior. A multiplicação é relativamente pequena quando comparada aos diagnósticos positivos e casos em investigação pelo ministério.
O baixo crescimento reflete uma provável escassez de testes para avaliar a presença do novo coronavírus no organismo dos brasileiros. Ontem, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), e Júlio Croda, diretor do departamento de Vigilância em Saúde admitiram que a falta de testes é um problema.
"A Fiocruz já se comprometeu em aumentar a produção. Hoje entregou 5,5 mil testes e ela se comprometeu já em abril a fazer uma entrega de 40 mil", disse Croda. Segundo ele, a fundação se comprometeu a entregar 1 milhão de testes nos próximos "três ou quatro meses".
Mandetta afirmou que o ministério vai tentar alternativas para a produção de testes para "sermos autossuficientes". As autoridades informaram ainda que uma chamada será feita hoje para que empresas apresentem testes que utilizem novas tecnologias.
"Está cheio de gente fazendo isso [mandando para o ministério informações sobre novos tipos de teste], às vezes pessoas bem intencionadas, às vezes pessoas mal intencionadas. Então a gente vai fazer um chamado", disse o ministro da Saúde. Atualmente, levando em consideração a falta de testes, o ministério orienta para que só sejam testados casos graves do novo coronavírus.
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