SP e governo federal empurram responsabilidade por problemas em vacinação
Resumo da notícia
- Mais de 400 municípios de São Paulo relataram falta de vacinas segundo a Cosemssp
- Secretaria estadual de saúde culpou alta procura por falta de doses
- Ministério da Saúde acusou municípios de estarem "vacinando para além do público prioritário"
Mais de 400 municípios de São Paulo relataram falta de vacinas contra a gripe logo nos primeiros dia de campanha, segundo levantamento da Cosemssp (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo). Questionada pelo UOL, a secretaria de Saúde do estado afirmou que a falta de doses se deu pela alta procura, o Ministério da Saúde, por outro lado, diz que há municípios vacinando pessoas de fora do grupo determinado nesta primeira fase.
Em uma primeira nota enviada à reportagem, contudo, a pasta estadual não mencionou o aumento na demanda, afirmando que "a responsabilidade de compra e envio aos Estados da vacina contra Influenza (gripe) é do Ministério da Saúde". A informação sobre a alta procura foi dada após contato por telefone.
Em nota enviada ao UOL, o Ministério da Saúde afirmou que "todos os estados estão abastecidos para iniciar a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe" e acusou municípios de estarem "vacinando para além do público prioritário".
"Por isso, o Ministério da Saúde alerta sobre a importância de que estados e municípios sigam a dinâmica de vacinação, dividida por fases e públicos prioritários, estabelecida pelo Ministério da Saúde, para evitar o desabastecimento da vacina nos períodos divulgados à população."
Segundo a pasta federal, mais de 16,5 milhões de doses já foram enviadas aos estados para atender aproximadamente 25 milhões de pessoas, entre idosos e profissionais de saúde.
"Até o final desta primeira fase, os estados receberão mais de 33 milhões de doses para atender os dois públicos prioritários", diz o texto. O ministério ressaltou que a responsabilidade de repassar as doses aos municípios é dos estados.
A Secretaria de Saúde de São Paulo diz ter recebido 4,8 milhões de doses da vacina até o último final de semana, "o que corresponde a 70% da demanda dos grupos prioritários nesta primeira etapa da campanha que são os idosos e profissionais de saúde". Porém, a pasta disse ter recebido uma procura muito maior do que a prevista inicialmente.
"São Paulo está recebendo remessas parciais e, para garantir agilidade no abastecimento da rede, a pasta estadual montou uma força-tarefa com as equipes do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) e do CDL (Centro de Distribuição e Logística) garantindo a redistribuição das grades às regiões", informou a secretaria em nota.
A pasta ainda ressaltou estar "em diálogo contínuo com o Ministério para garantir o abastecimento." Novas doses estão sendo entregues aos municípios e o estado disse não ter previsão de mudança na logística de distribuição das doses a fim de evitar novas faltas. Até a noite desta terça-feira (24), 340 municípios continuavam sem reposição, informou a Cosemssp.
Em coletiva de imprensa, o secretário-executivo do Ministério de Saúde, João Gabbardo dos Reis, disse que não dá para todos buscarem a vacina para a gripe nos primeiros dias.
"Se todos quiserem se vacinar no primeiro dia, no segundo dia, não vai ter o suficiente. Mas todos os dias estaremos mandando 1 milhão de doses de vacinas para todos os estados", afirmou.
O UOL questionou a Secretaria de Saúde a respeito da afirmação do ministério, porém não recebeu retorno até o fechamento desta reportagem.
Vacinação em fases
A campanha de vacinação contra a Influenza foi adiantada em um mês e, segundo o Ministério da Saúde, a distribuição dos lotes de vacina é feita conforme o Instituto Butantan faz a entrega. A aplicação foi dividida em três fases:
- A partir de 23 de março: Idosos com 60 anos ou mais e trabalhadores da saúde;
- A partir de 16 abril: Doentes crônicos, professores (rede pública e privada) e profissionais das forças de segurança e salvamento;
- De 09 a 22 de maio: Crianças de 6 meses a menores de 6 anos, adultos de 55 a 59 anos de idade, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), povos indígenas, funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade e pessoas com deficiência.
Segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, há cerca de 11,5 mil pontos fixos e volantes de vacinação no estado, incluindo escolas, creches, farmácias, barcos, ônibus e veículos, de forma a alcançar o público-alvo em todas as regiões.
Cada município tem autonomia para organizar como fará a imunização. Em algumas cidades, criaram a modalidade de "drive-thru" para evitar que os idosos necessitem sair do carro e aglomerar em frente aos postos de saúde.
De acordo com a pasta, essa vacina não imuniza contra o novo coronavírus, mas a campanha é fundamental para reduzir o número de pessoas com sintomas respiratórios nos próximos meses.
"A decisão de antecipar a campanha tem a intenção de proteger a população contra a Influenza, além de minimizar o impacto sobre os serviços de saúde em meio a pandemia de COVID-19, já que os sintomas destas doenças são semelhantes", diz o Secretario de Estado da Saúde, José Henrique Germann.
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