Quarentena pode salvar até 1 milhão no Brasil, calcula Imperial College
Resumo da notícia
- Universidade londrina projeta possíveis cenários de evolução da pandemia de covid-19 no Brasil
- Na melhor das hipóteses, com 75% de toda a população em quarentena, haveriam 44 mil mortos
- No pior cenário, sem quarentena ou qualquer medida, as mortes passariam de 1,1 milhão
- Estudo conclui que "a rápida adoção de testes, isolamento dos casos e quarentena" são essenciais
Um estudo publicado ontem pelo Imperial College, renomada instituição de ciência, tecnologia e medicina em Londres, compara possíveis cenários de evolução do novo coronavírus (covid-19) no Brasil. Entre a pior e a melhor possibilidade, a diferença no número de mortos seria de 1,05 milhão de pessoas.
A universidade inglesa calcula as consequências de 14 possíveis cenários de enfrentamento da pandemia: 11 com ações de mitigação, nos quais haveria mais infectados e mais vítimas fatais; e outros três com ações de supressão, em que as consequências seriam menores.
O melhor cenário calculado seria com 75% de toda a população em quarentena, testes para todos os pacientes com suspeita e, por consequência, um "achatamento" da curva de infectados. Neste patamar, se o Brasil conseguisse manter as mortes na proporção de duas por semana para cada milhão de habitantes, ao final o número de mortes pela covid-19 no país não passaria de 44,3 mil. Nestas condições, cerca de 250 mil pessoas passariam pelos hospitais; no pico da pandemia, haveria demanda para 72 mil leitos ao mesmo tempo.
No pior cenário, se ninguém ficar em quarentena e os testes não forem multiplicados, cada paciente contaminada terá contato com um maior número de pessoas. Nestas condições haveria até 188 milhões de contaminados (o equivalente a 88% de toda a população brasileira) e 1,1 milhão de mortos. Mais de 6,2 milhões de pessoas passariam pelos hospitais do País por causa do coronavírus.
Em cenários de quarentena apenas para os idosos, o número de mortes variaria entre 322 mil e 530 mil, a depender da taxa de transmissão e as medidas de saúde pública.
O isolamento social apenas de idosos e demais grupos de risco foi defendido nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O estudo da universidade londrina não calcula este cenário específico.
O Imperial College leva em consideração quatro possíveis taxas de transmissão (de 2,4 a 3,3 novos casos a cada infectado) e três diferentes tipos de isolamento (nenhum, apenas idosos ou toda a população). Também tem em conta as medidas de saúde coletiva, como a disponibilidade de exames e o isolamento dos casos confirmados.
O estudo conclui que "a rápida adoção de medidas comprovadas de saúde pública, incluindo testes, isolamento de casos e maior distanciamento social" são essenciais para conter o impacto da pandemia. É isso que "achataria" a curva de contaminados, o que diminuiria a sobrecarga nos hospitais e por consequência reduziria a proporção de mortos por semana — uma das variáveis calculadas pelo Imperial College.
"Nossas descobertas sugerem que todos os países enfrentam uma escolha entre medidas intensivas e caras para suprimir a transmissão ou arriscar que os sistemas de saúde se tornem rapidamente sobrecarregados", alerta um dos autores do estudo, Dr. Patrick Walker. "Os resultados destacam que uma ação rápida, decisiva e coletiva agora salvará milhões de vidas", afirma.
Os pesquisadores calculam que, se não houvesse qualquer medida preventiva ao covid-19, o vírus contaminaria até 7 bilhões de pessoas no mundo inteiro (91% da população mundial) e faria até 40 milhões de vítimas fatais.
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