Mestrando em engenharia pega covid-19 aos 25 e lamenta fala de Bolsonaro
O brasileiro Renan Santos, 25 anos, fazia mestrado em engenharia espacial na Universidade de Roma (Itália), mas resolveu voltar neste mês a Parauapebas (PA) por causa do caos no país europeu com o novo coronavírus. No sábado, 28, descobriu que está com a covid-19, apesar de ser jovem.
Por causa disso, ele criticou o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que recomendou o fim do isolamento, mantendo em casa apenas os idosos. "Um discurso como aquele do Bolsonaro é muito triste, traz mais insegurança. As pessoas acordaram no dia seguinte pensando: 'eu vou para o trabalho ou não vou'?", disse.
Ele também lamentou que a posição de Bolsonaro contrarie outras autoridades, inclusive de saúde. "Foi contrário a todos os governadores e prefeitos, todas as medidas preventivas, inclusive do Ministério da Saúde."
"A transmissão do vírus é muito rápida. É absurdo! As pessoas sem sintomas estão transmitindo umas para as outras. Eu sou só mais uma vítima entre várias", afirmou.
Caos na Itália
Renan morava desde setembro do ano passado em Roma, e decidiu voltar após os casos dispararem na região norte da Itália. "Já havia mails de dois mil casos e nós já estávamos em quarentena, sem sair de casa. Foi aí que liguei para a minha mãe e decidi voltar."
Nesse momento, segundo ele, já faltavam leitos na Lombardia e os pacientes começavam a ser transferidos para a capital.
O mestrando entrou para a estatística da doença no sábado, quando foi divulgado o resultado do exame, mas desde que chegou à cidade Natal, manteve isolamento voluntário no sítio do pai, passando para a casa da mãe, no dia 21. Ele não sabe se contraiu o vírus na Itália ou no Brasil.
"Quando cheguei, já me isolei e, uns dias depois, senti coriza, mas a dor no corpo, a febre e os outros sintomas só senti no sábado passado", contou ele, que diz estar bem melhor agora. Ele não está hospitalizado.
O pai e a mãe de Renan tiveram resultado negativo para a doença, mas o mestrando segue preocupado com a mãe, por ela ter 50 anos e sofrer de artrite, condição que segundo os médicos o informaram a coloca no grupo de risco.
Pensar primeiro nas pessoas
O jovem ressalta que sabe que sua condição é favorável, por não ter tido sintomas graves da doença, mas que é não é momento de pensar em economia, e sim nas pessoas.
"Temos que ter um pensamento mais humanitário nesse momento. O vírus é pior em idosos, mas existem casos de pessoas jovens em estado grave, é difícil saber o que vai acontecer, não há estudos suficientes para isso. Para a economia há segunda chance, para a vida não."
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