Cálculo de novas mortes por covid-19 inclui óbitos com 16 dias de atraso
Resumo da notícia
- Balanço divulgado em 8 de abril traz entre novas mortes casos de 23 de março
- Motivo é o atraso no processamento de exames de pacientes com suspeita de covid-19
- Atualização retroativa altera número total de mortes registradas em determinado período
A informação de que 133 novos óbitos foram confirmados pelo Ministério da Saúde entre terça (7) e quarta (8) não significa que, de fato, seja esse o número de pacientes que morreram num intervalo de 24 horas, em decorrência da covid-19. Atrasos no processamento dos exames fazem com que a pasta leve até 16 dias para contabilizar alguns casos de vítimas da doença.
A comparação do último balanço divulgado pelo governo federal, que contabilizou um total de 800 mortes, com a versão do dia anterior mostrou que, no número de óbitos confirmados, há dezenas de casos de pessoas que morreram em 23 de março e nos dias subsequentes e só entraram na conta oficial ontem.
A atualização retroativa feita pelo Ministério da Saúde muda o entendimento sobre quantas pessoas morreram em um determinado período. Essa constatação implica que há diferenças significativas no número de vítimas em um determinado período entre a divulgação inicial e o saldo atualizado.
Ao se levar em consideração o número de óbitos desde o início da pandemia até a última segunda (6), o número oficial do total de mortes registradas pela pasta era de 485. Ao serem acrescentadas as mortes que aconteceram nesse intervalo de tempo, mas só passaram a fazer parte do dado oficial hoje, o número cresce para 574 casos fatais.
O Ministério da Saúde afirma que esse atraso entre o dia da morte do paciente e a inclusão do óbito no balanço oficial se dá por conta da demora no processamento dos resultados de exames. A pasta só é notificada por estados e municípios após a confirmação dos testes de laboratórios, que podem ficar prontos dias após a morte dos pacientes com suspeita de contaminação pelo novo coronavírus.
"Os testes estão demorando muito. Há pacientes que morrem e você registra o óbito como suspeito de covid-19, mas precisa de teste para confirmar. Como a notificação é compulsória, você só notifica quando dá positivo. E aí dá positivo tempos depois que a pessoa morreu ou se recuperou. Possivelmente, o que está acontecendo na discrepância dos dados tem relação com a demora para o teste sair", diz Alessandro Farias, coordenador da frente de diagnósticos da força-tarefa da Unicamp de enfrentamento ao covid-19.
Em São Paulo, estado com o maior número de casos registrados no país, há 17 mil testes represados na fila de espera. O estado aguarda a chegada de 340 mil kits para testagens comprados no exterior. Questionada pelo UOL, a secretaria paulista de Saúde não informou a capacidade diária de realização de exames.
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