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RJ: Cidades com coronavírus dobram em 14 dias e já são quase 70% do estado

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) - DIKRAN JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) Imagem: DIKRAN JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

Igor Mello

Do UOL, no Rio

16/04/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Número de cidades com casos de coronavírus no Rio de Janeiro subiu de 27 para 62, mais que dobrando
  • Adesão ao isolamento social no Rio caiu de quase 70% em meados de março para 48,6% no dia 13 de abril
  • Número de municípios com casos confirmados disparou justamente neste período, entre o fim de março e o início de abril

A pandemia de coronavírus se alastrou no Rio de Janeiro mesmo com a adoção de medidas precoces de isolamento social, mostra levantamento feito pelo UOL. A doença já chegou a 62 cidades —67,4% dos 92 municípios fluminenses. Em apenas duas semanas, o número de localidades atingidas mais que dobrou.

O Rio é o segundo estado em número total de casos (3.410) e de mortes (224) no país, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado na terça-feira (14). O próprio governador Wilson Witzel (PSC) foi contaminado, segundo divulgou em suas redes sociais nesta semana.

O estado teve seu primeiro caso de coronavírus confirmado no dia 5 de março. Oito dias depois, Witzel adotou as primeiras medidas de restrição de circulação no estado, determinando o fechamento das escolas e a proibição de todos os eventos e manifestações públicas. Em 16 de março decretou estado de emergência no Rio.

O número de municípios atingidos no Rio disparou contudo com o relaxamento das medidas de isolamento por parte da população. Entre 25 de março e 5 de abril, as cidades afetadas subiram de 12 para 42, segundo dados dos boletins diários divulgados pela SES (Secretaria Estadual de Saúde) e compilados pelo UOL.

Nesse mesmo período, a adesão ao recolhimento residencial também caiu significativamente, de acordo com dados da In Loco, empresa especializada no uso de dados de geolocalização de celulares —o índice de isolamento social, que chegou próximo dos 70% de adesão na época em que Witzel adotou as primeiras medidas de bloqueio, caiu para 48,6% na última segunda-feira (13).

O isolamento social vem sendo alvo de seguidos ataques pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e por seus apoiadores, que defendem a retomada de atividades econômicas suspensas por Witzel e outros governadores. Na visão do presidente, apenas idosos e integrantes de outros grupos de risco deveriam ficar isolados, estratégia que não tem base científica.

Witzel vem ameaçando adotar sanções mais duras a cidadãos e empresários que descumpram os decretos de prevenção ao coronavírus. O governador já ameaçou prender pessoas que frequentem praias e outras áreas de lazer com visitação suspensa e responsabilizar civil, administrativa e penalmente empresários de setores não essenciais que insistam em abrir as portas.

Expansão pelo interior

Os dados da SES mostram que a expansão do número de casos se concentrou na capital, mas ocorreu simultaneamente em diversos pontos do interior do estado, dificultando o controle por parte das autoridades da área de saúde.

Uma das primeiras cidades a registrar casos confirmados foi Barra Mansa, no sul fluminense, já constando no boletim do dia 15 de março. Dez dias depois, havia contaminados em Volta Redonda e Resende (também no sul fluminense), Petrópolis, na região serrana, e Campos dos Goytacazes, no norte do estado.

Em paralelo, se expandiu da capital para municípios do Grande Rio —região citada frequentemente pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, como uma área de especial preocupação, por conta do grande número de moradores em comunidades. Atualmente, 18 das 22 cidades da região metropolitana já têm casos confirmados.

Para evitar a expansão da doença, o governo estadual adotou uma série de medidas, como a restrição ao transporte de passageiros entre a capital e as cidades da região metropolitana e a suspensão de viagens de ônibus interestaduais vindos de estados com transmissão comunitária do vírus ou decretação de estado de emergência por conta da covid-19.