Sem mostrar exame, AGU diz que Bolsonaro não teve covid-19
A Advocacia-Geral da União (AGU) disse hoje, ao jornal O Estado de S. Paulo, que enviou à Justiça Federal de São Paulo um relatório médico do dia 18 de março deste ano afirmando que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) testou negativo para o novo coronavírus. O mesmo relatório havia sido divulgado por Carla Araújo, colunista do UOL, em 20 de março.
A AGU, no entanto, não encaminhou ao veículo os laudos dos testes feitos pelo líder do Executivo, conforme ordenado pela Justiça.
"A Advocacia-Geral da União protocolou petição no processo ajuizado pelo jornal O Estado de S. Paulo no qual é requerida a divulgação dos exames de detecção de Covid-19 do presidente da República, Jair Bolsonaro. A AGU apresenta, na manifestação, relatório médico emitido em 18 de março de 2020 pela Coordenação de Saúde da Presidência da República, no qual é atestado que o presidente da República é monitorado pela respectiva equipe médica, encontrando-se assintomático, tendo, inclusive, realizado exame para detecção da Covid-19, nos dias 12 e 17 de março, com o referido exame dando não reagente (negativo). Tendo em vista a juntada do relatório aos autos do processo, a AGU requer a extinção do processo", disse o órgão, por meio de nota.
No começo desta semana, o Estado de S. Paulo conseguiu o direito de obter os exames feitos pelo presidente. Jair Bolsonaro declarou hoje que vai se sentir "violentado" caso seja obrigado por via judicial a dar publicidade ao laudo.
"Tem uma lei que garante a intimidade, e a lei vale para todo mundo. A AGU deve ter recorrido e, se nós perdemos o recurso, aí vai ser apresentado. Aí, vou me sentir violentado. A lei vale do cidadão mais humilde até o presidente."
Bolsonaro tem se recusado a apresentar o resultado sob argumento de que este seria "sigiloso". Ele chegou inclusive a dizer, durante participação no "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes, que a sua palavra vale mais do que um papel.
O presidente viajou aos Estados Unidos no início de março para cumprir agenda oficial. À época, o vírus começava a se alastrar com mais velocidade na Europa e nas Américas do Norte e do Sul. No retorno da comitiva presidencial, descobriu-se que mais de 20 pessoas que estavam junto ao presidente haviam contraído a doença.
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