Covid-19: "Falta material para trabalhar na UTI ", diz enfermeiro em Manaus
Médicos e enfermeiros do Hospital Público 28 de Agosto, um dos principais de Manaus, afirmam que trabalham sem os materiais necessários para atender os pacientes da covid-19 internados nos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Os índices de ocupação desse tipo de leito na cidade superam os 95%.
"A UTI está sucateada. Nós não temos material. É um kit de EPI [equipamento de proteção individual] por noite. A gente se contamina com sangue, secreção, e não tem outro para trocar", afirma um enfermeiro da unidade hospitalar, em vídeo divulgado pelas redes sociais.
O enfermeiro afirmou ainda que "entregou a escala", o que significa que ele deixou de cumprir os plantões previstos, devido às precárias condições de trabalho. Há 40 leitos de UTI no hospital.
Em nota, o governo do Amazonas nega que haja falta de EPIs. A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) afirma que "tem orientado o uso racional e correto de EPIs, conforme recomendações da Anvisa e, desde o início da pandemia, vem difundindo materiais educativos para serem trabalhados nos núcleos de vigilância das unidades."
Colapso em Manaus
Manaus sofre um colapso do sistema público de saúde. O Estado do Amazonas é um dos mais atingidos no país pela pandemia do novo coronavírus.
O governador Wilson Lima (PSC) terá que responder a um processo de impeachment aberto pela Assembleia Legislativa do estado, por má gestão dos gastos públicos durante a crise da covid-19.
Na última segunda-feira (27), dezenas de funcionários do Hospital 28 de Agosto fizeram um protesto em frente à unidade de saúde devido a falta de equipamentos hospitalares.
Logo após o protesto, a direção do Hospital de 28 de agosto enviou pelo menos dois ofícios a Secretaria de Saúde do Estado colocando à disposição 13 enfermeiros.
A medida foi vista como retaliação aos manifestantes, apesar da unidade, como outras da capital, sofrer com a falta de profissionais de saúde. De acordo com o governo, os funcionários a atuar no hospital.
Em nota, o governo do Amazonas afirma que "todos os profissionais estão recebendo os EPIs necessários, conforme protocolo de recebimento assinados pelos mesmos. Os equipamentos são distribuídos de acordo com a situação, o ambiente e o tipo de procedimento realizado em suas unidades."
"Entre os dias 17 e 24 de abril, o HPS 28 de Agosto recebeu da Central de Medicamentos do Amazonas (Cema) cinco remessas de EPIs, com 143,1 mil itens, incluindo 18 mil máscaras cirúrgicas, 700 máscaras N95, 1 mil máscaras de proteção respiratória, 850 kits completos de EPIs produzidos pela UEA, entre outros equipamentos de proteção", afirma o governo.
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