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Casos leves e assintomáticos são a chama da pandemia, diz pesquisador

Amostra de sangue de morador de Santos que aceitou participar de pesquisa domiciliar é colhida para averiguar presença de anticorpos do novo coronavírus na população - Marcelo Martins/Prefeitura de Santos
Amostra de sangue de morador de Santos que aceitou participar de pesquisa domiciliar é colhida para averiguar presença de anticorpos do novo coronavírus na população Imagem: Marcelo Martins/Prefeitura de Santos

Do UOL, em São Paulo

06/05/2020 17h02

Autor de um estudo que aponta o Brasil como novo epicentro mundial do coronavírus, Domingos Alves, pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), declarou nesta tarde que o país já apresenta situações similares à Itália durante o auge da pandemia e que subnotifica casos que deveriam ser estudados.

De acordo com a pesquisa, o número de casos de coronavírus no Brasil ultrapassa 1 milhão e pode, inclusive, ser maior que 2 milhões. A conta feita pelos pesquisadores envolvidos no estudo leva em consideração a taxa de óbitos do país e a quantidade de casos subnotificados por falta de testes.

"A nossa opinião é que o Brasil é o epicentro. A contar o número de casos (previstos no estudo), está na frente dos Estados Unidos, mesmo levando em consideração os números de lá, que também são subnotificados. Temos o agravante, aqui no Brasil, que temos muitos municípios chegando na saturação de leitos disponíveis para atender a população. A nossa taxa de novos óbitos por dia já passa, por exemplo, várias situações similares apresentadas no auge da epidemia da Itália. Na minha opinião, já somos o epicentro mundial", disse Alves em entrevista à CNN Brasil.

Para Alves, o Brasil é um dos países com a mais baixa testagem do mundo, com a quantidade de casos confirmados refletindo o número de pessoas internadas. O pesquisador alerta que os casos assintomáticos ou leves são os que devem ser estudados com mais afinco, principalmente por serem os maiores vetores de propagação da doença.

"Deveríamos estar testando as pessoas com casos leves e assintomáticas, e estender medidas de contenção para essas pessoas, porque elas são a centelha para o que está acontecendo", declarou o pesquisador.

Ainda, Alves acrescentou que a previsão de mais de 1 milhão de casos apontada no estudo reflete o contágio dos casos que não são testados; os exames são aplicados apenas a quadros mais graves.

"Essas previsões são feitas em cima do numero de óbitos oficiais publicados. E também tem as suas subnotificações. Esse número (da previsão do estudo) indica casos leves ou assintomáticos, que são a chama da epidemia que vivemos hoje", acrescentou.