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Em um ano, Ceará teve 1.297% mais mortes por síndromes respiratórias

Governo do Ceará inaugura 25 leitos de campanha contra o coronavírus anexados ao Hospital São José, em Fortaleza - Divulgação
Governo do Ceará inaugura 25 leitos de campanha contra o coronavírus anexados ao Hospital São José, em Fortaleza Imagem: Divulgação

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

12/05/2020 14h28

Um informe epidemiológico produzido pela Secretaria de Saúde do Ceará aponta que, entre 2019 e 2020, o estado registrou um aumento de 1.297% no número de mortes causadas pelas síndromes respiratórias.

Em 2019, diz o documento, dos 627 casos de SRAG registrados até o início de maio, 76 evoluíram para óbito — o que dá uma letalidade de 12,1%. Em 2020, no mesmo período, dos 5.456 casos de SRAG que foram registrados, já ocorreram 1.044 mortes — uma letalidade de 19,1%.

SRAG é uma denominação genérica para um problema respiratório grave, que pode ser causado por vários vírus ou bactérias. É o que ocorre no caso de agravamento da covid-19.

De acordo com o boletim divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, com 75 novos óbitos, o estado do Ceará foi o que mais oficializou mortes por covid-19 entre domingo e segunda-feira. Ficou à frente de Rio de Janeiro e Pará (56 novos óbitos cada um) e também de São Paulo (34), o estado mais atingido pela pandemia até o momento.

O Ceará segue sendo o estado do Nordeste com mais casos e mais mortos pela doença, ficando apenas atrás de São Paulo e do Rio de Janeiro em ambos os quesitos no país. São 17.599 casos oficiais e 1.189 mortes no total, conforme o boletim de ontem.

Ontem, o Instagram ocultou uma publicação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) relacionada ao número de mortes no Ceará por doenças respiratórias. A postagem trazia dados errados e dava a entender que houve queda no número de óbitos entre 16 de março e 10 de maio de 2020, em relação ao ano anterior. A mensagem foi classificada como fake news.

Alta nas hospitalizações em abril

Em termos de hospitalizações, o Ceará registrou uma grande alta em abril, pulando de 159, em 2019, para 3.836, no mês passado.

Dessas pessoas internadas, apenas 1.107 tiveram covid-19 confirmada em exame, e outras 509 tiveram causas de outros agentes etiológicos. As demais internações não têm especificação de agente.

Um outro detalhe revelado no informe é que, dos hospitalizados com SRAG causada pelo novo coronavírus, 80% tinham alguma doença crônica — desses, 38% tinham doença vascular e 33% diabetes.

O estado também registrou uma alta de 76 mortes, em 2019, para 1.044 este ano. "A razão entre os números de óbitos no período analisado dos anos de 2019 e 2020 mostra que, das semanas epidemiológicas 1 a 19, há 16,8 mortes em 2020 para cada 1 morte em 2019", diz o documento.

Ocupação máxima nas UTIs

Com a alta inédita na demanda hospitalar, a capital Fortaleza está com ocupação máxima de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva).

"Desde o dia 2 de abril até 5 de maio houve um incremento de mais de 400% na ocupação de leitos de enfermaria e UTI destinados para covid-19 e de pacientes em uso de Ventilação Mecânica. É importante destacar a contínua abertura de leitos de UTI para suprir a crescente necessidade de novos leitos", detalha o informe.

Por conta do aumento de casos, o governo do estado e a prefeitura de Fortaleza decretaram um lockdown, que começou a valer na última sexta-feira (8).

Há ainda 30.902 casos suspeitos em investigação.

Casos no Ceará*

  • Hospitalizações por SRAG:

2019 - 627
2020 - 5.456

  • Mortes por SRAG:

2019 - 76 (12,1% dos internados)
2020 - 1.044 (19,3% dos internados)

*Até 5 de maio - Fonte: Secretaria de Saúde do Ceará