Governadores criticam Bolsonaro após saída de Teich: 'Caldeirão de intriga'
Do UOL, em São Paulo
15/05/2020 12h49Atualizada em 15/05/2020 15h22
O pedido de demissão de Nelson Teich do ministério da Saúde provocou rápida reação entre as mais diferentes personalidades políticas. As críticas recaíram especialmente sobre o presidente Jair Bolsonaro, principalmente entre os governadores.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez um longo discurso atacando o presidente em sua entrevista no Palácio dos Bandeirantes e disse que ele coloca o país em um "caldeirão interminável de intriga" em meio ao combate à pandemia do novo coronavírus.
"O Brasil acorda assustado com as crises diárias de agressões a democracia, ao Congresso, ao STF, a imprensa, agressões a ministros do seu próprio governo. Como senhor fez e continua fazer. Fez com Bebbiano, com Santos Cruz, com Sergio Moro , fez com Mandetta e fez agora com Nelson Teich. Presidente, governe. administre o seu país com equilíbrio, paz no coração, discernimento e grandeza. Pare com as agressões, de colocar o país em um caldeirão interminável de intriga. O país precisa estar em paz", completou.
Depois, ele tuitou que o "barco está à deriva".
Mais um ministro da Saúde, que acredita na ciência, deixa o governo Bolsonaro. No momento em que a curva de mortes pelo coronavírus acelera, o Brasil perde com a saída de Nelson Teich. O barco está à deriva.
-- João Doria (@jdoriajr) May 15, 2020
Que Deus proteja o Brasil e os brasileiros.
Nas redes sociais, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) também se manifestou, dizendo que a interferência do presidente atrapalha o combate à pandemia.
"Minha solidariedade, ministro Teich. Presidente Bolsonaro, ninguém vai conseguir fazer um trabalho sério com sua interferência nos ministérios e na Polícia Federal. É por isso que governadores e prefeitos precisam conduzir a crise da pandemia e não o senhor, presidente", escreveu.
Minha solidariedade, ministro @TeichNelson. Presidente Bolsonaro, ninguém vai conseguir fazer um trabalho sério com sua interferência nos ministérios e na Polícia Federal. É por isso que governadores e prefeitos precisam conduzir a crise da pandemia e não o senhor, presidente.
-- Wilson Witzel (@wilsonwitzel) May 15, 2020
O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), disse que a "confusão que Bolsonaro cria é única no planeta".
"A confusão que Bolsonaro cria é única no planeta. Espero que as instituições julguem o quanto antes a produção de tantos desastres, entre os quais a demissão de DOIS ministros da Saúde em meio a uma gigantesca crise sanitária. O Brasil merece uma gestão séria e competente", escreveu.
A confusão que Bolsonaro cria é única no planeta. Espero que as instituições julguem o quanto antes a produção de tantos desastres, entre os quais a demissão de DOIS ministros da Saúde em meio a uma gigantesca crise sanitária. O Brasil merece uma gestão séria e competente.
-- Flávio Dino (@FlavioDino) May 15, 2020
Outros governadores que se manifestaram nas redes sociais também fizeram críticas a Bolsonaro. Veja abaixo:
Camilo Santana (PT), governador do Ceará:
A saída do segundo ministro da Saúde em menos de um mês traz enorme insegurança e preocupação. É inadmissível que, diante da gravíssima crise sanitária que vivemos, o foco do Governo Federal continue sendo em torno de discussões políticas e ideológicas. Isso é uma afronta ao país
-- Camilo Santana (@CamiloSantanaCE) May 15, 2020
Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo:
A saída de mais um ministro da saúde em meio a pandemia, mostra como estamos à deriva no enfrentamento à crise por parte do governo federal. Ou o PR deixa o ministério agir, segundo as orientações da OMS ou vamos perder cada vez mais brasileiros.
-- Renato Casagrande (@Casagrande_ES) May 15, 2020
Rui Costa (PT), governador da Bahia:
Inaceitável. Plena #pandemia, em 30 dias, dois ministros da Saúde demitidos por não aceitarem seguir as orientações médicas de um presidente que nada entende de Saúde. O país exige respeito à vida, à medicina e à ciência.
-- Rui Costa (@costa_rui) May 15, 2020
Waldez Góes (PDT), governador do Amapá:
A demissão do ministro Teich em menos de 30 dias aumenta ainda mais a insegurança quanto ao enfrentamento à pandemia do coronavírus, que deveria ser coordenado pelo governo federal.
-- Waldez Góes (@waldezoficial) May 15, 2020
Wellington Dias (PT), governador do Piauí:
O país tem que encontrar o seu rumo, não é razoável a decisão de mudar dois ministros em tão poucos dias, especialmente quando estes ministros anunciam um conjunto de medidas pactuadas com estados, municípios, ciência, autorizando pesquisa, autorizando compra de equipamentos.
-- Wellington Dias (@wdiaspi) May 15, 2020
Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco:
O presidente só investe em divisões internas e externas, a população sofre. Não se pode enfrentar uma pandemia pautado por ideologia, sem considerar ciência e realidade. Nossa única guerra é contra a Covid-19. Nela, infelizmente, o presidente é o comandante que não sabe liderar.
-- Paulo Câmara 40 (@PauloCamara40) May 15, 2020
Haddad ironiza
A saída de Teich também provocou reação entre adversários de Bolsonaro nas últimas eleições. Fernando Haddad (PT) se manifestou com ironia, enquanto Ciro Gomes (PDT) preferiu uma crítica direta. João Amoedo (Novo) e Guilherme Boulos (PSOL) também se manifestaram
Quem será o próximo ministro da Saúde? Tanto faz, enquanto Bolsonaro estiver presidente.
-- Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) May 15, 2020
Parece brincadeira... mas é irresponsabilidade assassina! Bolsonaro provoca demissão do recém nomeado ministro da saúde. Razão alegada: o ministro, que é medico, apesar de toda sua incompetência e patetice, não aceitou promover o genocídio que Bolsonaro parece querer provocar!
-- Ciro Gomes (@cirogomes) May 15, 2020
Bolsonaro demonstra, uma vez mais, seu despreparo para o cargo que ocupa. Sua postura autoritária reflete sua incapacidade de liderar.
-- João Amoêdo (@joaoamoedonovo) May 15, 2020
Temos um presidente que coloca em risco a saúde de milhões de brasileiros e a economia do País. Até quando?
Tech é o segundo Ministro da Saúde demitido em menos de 1 mês. E o Brasil avança como um dos países com maior mortalidade pelo Coronavírus. Parece que quem precisa ser demitido é o Presidente.
-- Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) May 15, 2020
Moro e Mandetta se manifestaram indiretamente
Cenário difícil, em plena pandemia, 13993 mortes até ontem. Números crescentes a cada dia. Cuide-se e cuide dos outros.
-- Sergio Moro (@SF_Moro) May 15, 2020
Oremos. Força SUS. Ciência. Paciência. Fé! #FicaEmCasa
-- Henrique Mandetta (@lhmandetta) May 15, 2020
Parlamentares e partidos também se manifestam
Entre os parlamentares, a oposição também focou as críticas em cima de Bolsonaro, enquanto deputados da base de apoio acenaram que a mudança pode ajudar no combate à pandemia do coronavírus com a nomeação de um ministro mais alinhado com o presidente, principalmente em relação ao uso da cloroquina.
Confira algumas manifestações abaixo:
Marco Feliciano (Republicanos-SP), deputado:
Parabéns PR @jairbolsonaro pela firmeza! Em meio à pandemia precisamos do Líder que tem pulso firme para liderar a Nação. Se Teich era contra o uso da cloroquina já vai tarde! Precisamos com urgência liberar o uso p/ salvar milhares de vidas! Países mais avançados já liberaram! pic.twitter.com/mIyfREc2bY
-- Marco Feliciano (@marcofeliciano) May 15, 2020
Felipe Rigoni (PSB-ES), deputado:
É inacreditável o que está acontecendo. Em meio à pandemia, mais uma vez, o Ministério da Saúde vai trocar de mãos. Uma irresponsabilidade total e que só piora o nosso cenário. Já está na hora do presidente deixar os seus ministros trabalharem. Menos ego e mais ciência.
-- Felipe Rigoni (@rigoni_felipe) May 15, 2020
Alessandro Molon (PSB-RJ), deputado:
2 ministros da Saúde
-- Alessandro Molon (@alessandromolon) May 15, 2020
14 mil mortos pelo coronavírus
Mais de 200 mil casos
Nenhum plano sério!
Bolsonaro não quer um ministro técnico; ele quer alguém que concorde com suas insanidades ideológicas. O pedido de #ImpeachmentJá apresentado pelo PSB precisa avançar!
Tabata Amaral (PDT-SP), deputada:
Somos o único país a, durante uma pandemia, trocar o Ministro da Saúde 2 vezes. Bolsonaro só quer perto de si aqueles que compactuam com a ignorância. Estamos perdendo centenas de vidas por dia. Já é mais do que evidente que o PR escolheu ser parte do problema, e não da solução.
-- Tabata Amaral (@tabataamaralsp) May 15, 2020
Carla Zambelli (PSL-SP), deputada:
Independentemente de que vai assumir o @minsaude, temos que aplicar o Protocolo da Hidroxicloroquina, e o estudo já está sendo preparado pela @AMB_oficial.
-- Carla Zambelli (@CarlaZambelli38) May 15, 2020
O Brasil PRECISA desse protocolo para salvar vidas.
Esperidião Amin (Progressistas-SC), senador:
Eu acho que a saída do Nelson Teich foi uma coisa muito grave e ruim para o país. É a grande guerra brasileira. A guerra da preservação de vidas. É a batalha pela preservação da vida dos brasileiros.
-- Esperidião Amin (@esperidiaoamin_) May 15, 2020
Quanto aos partidos, PT, PSDB e Novo, entre outros, se pronunciaram:
Bolsonaro contra os brasileiros!
-- PT Brasil (@ptbrasil) May 15, 2020
Essa semana, o presidente antipovo convocou um grupo de empresários para pressionar e em suas palavras: declarar "guerra" os governadores pela reabertura do comércio. pic.twitter.com/yNt3sdFV6S
A saída de Nelson Teich do ministério da Saúde confirma o que os brasileiros já sabiam. O governo brasileiro não tem planos factíveis para combater a pandemia que nos ameaça.
-- PSDB (@PSDBoficial) May 15, 2020
Posição da Liderança do MDB. https://t.co/wOxfKHHUGR
-- MDB Nacional (@MDB_Nacional) May 15, 2020
O NOVO vê com extrema preocupação a saída de mais um ministro da Saúde durante a pior pandemia em 100 anos. O momento pede, mais do que nunca, planejamento, gestão e alinhamento entre todos os órgãos e entes federativos. Justamente o oposto do que tem sido feito até agora.
-- NOVO 30 (@partidonovo30) May 15, 2020
"@TeichNelson parte sem deixar saudades. A impressão é de que ele nunca assumiu realmente.... foi praticamente um mês perdido de @minsaude no ponto mais crítico da pandemia", afirma @efraimfilho, líder do @democratas na @camaradeputados.
-- Deputados Democratas (@DeputadosDEM) May 15, 2020
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