Fiscais encontram funcionário contaminado e interditam fábrica da JBS em SC
Auditores-fiscais do Trabalho vinculados ao Ministério da Economia interditaram hoje uma unidade de processamento de frangos da JBS em Ipumirim (SC) devido a "graves irregularidades" no combate à transmissão do coronavírus entre funcionários. Em fiscalização, auditores depararam-se, inclusive, com empregados da fábrica com teste positivo de covid-19 trabalhando normalmente, mesmo com atestado médico para seu afastamento.
A planta frigorífica localizada no interior catarinense registra pelo menos 86 funcionários com teste positivo para o novo coronavírus em um universo de 1.500 pessoas que trabalham no local. Isso aponta que cerca de 5% dos funcionários da fábrica contaminou-se pelo vírus. O UOL já encontrou em contato com a JBS, que ainda não se pronunciou.
De acordo com os fiscais, os casos confirmados na fábrica são cerca 14% dos contaminados em toda região de municípios em que fica o estabelecimento e quase 2% de todos os casos do estado de Santa Catarina. O estado registrava até ontem 4.776 pacientes confirmados de covid-19, com 83 óbitos, segundo a Secretaria de Saúde.
Entre as irregularidades observadas pela inspeção estão a ausência de distanciamento mínimo entre os trabalhadores, falta de equipamentos de proteção adequado e ausência de vigilância para controle da transmissão do vírus. Na sala de corte da fábrica, por exemplo, funcionários trabalhavam com distanciamento inferior a 50 centímetros.
De acordo com a fiscalização, funcionários com sintomas gripais, que podem ser causados por contaminação do coronavírus, não estavam afastados do trabalho. Até trabalhador testado com o vírus, com medicamentos prescritos para tratamento, continuava trabalhando normalmente.
Ainda segundo a fiscalização, pelo menos 40 funcionários que pertencem a grupo de risco estariam em atividade na fábrica. Um trabalhador hipertenso não foi afastado preventivamente do trabalho, acabou contaminado pelo coronavírus e foi internado em UTI (unidade de terapia intensiva) por 10 dias.
A fiscalização também constatou que outro trabalhador, também hipertenso, só foi afastado após sofrer um mal súbito em pleno expediente. Foi encaminhado ao pronto-socorro com dificuldades respiratórias.
Empresa se negou a parar fábrica para testar funcionários, dizem procuradores
A JBS, maior produtora de carnes do mundo, tem se mostrado resistente a adotar medidas básicas de prevenção ao contágio do covid-19, de acordo com procuradores do Trabalho ouvidos pelo UOL.
Os auditores fiscais passaram uma semana verificando a rotina do frigorífico em Ipumirim e sugeriram que a empresa o fechasse por oito dias e testasse todos os funcionários para covid-19, e só então reabri-lo novamente, porém a direção da unidade negou a proposta.
Esta é a segunda unidade da empresa interditada devido a um surto local de covid-19. No dia 24 de abril, auditores fiscais do Trabalho constataram que a unidade de processamento de frango em Passo Fundo (RS) registrava 19 infectados entre os cerca de 2.600 trabalhadores.
Menos de uma semana depois, a Justiça do Trabalho no Rio Grande do Sul obrigou a JBS a afastar das atividades funcionários que pertencem ao grupo de risco e os que tiveram contato com uma empregada que testou positivo para covid-19 em um frigorífico da cidade gaúcha de Trindade do Sul.
JBS adota recomendações, diz CEO global
Em entrevista à agência de notícias Bloomberg concedida na quinta-feira (14), o CEO global Gilberto Tomazoni disse que a JBS está seguindo todas as recomendações das autoridades de saúde e contratou consultores renomados na área para tentar manter os trabalhadores seguros.
A empresa está aumentando a produção de carne bovina e suína dos EUA após a reabertura de fábricas que foram fechadas devido a surtos de covid-19.
Durante a semana, a JBS havia divulgado que seu conselho de administração aprovou a doação de R$ 700 milhões para combate à pandemia.
Desse montante, R$ 400 milhões serão dirigidos ao Brasil, para saúde pública, assistência social e apoio à ciência e tecnologia, informou a empresa, acrescentando os recursos com itens como máscaras de proteção, equipamentos de proteção individual, cestas básicas, leitos de UTI e construção de hospitais.
Os R$ 300 milhões de reais restantes serão doados no exterior, majoritariamente nos Estados Unidos.
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