Rede particular de SP sobe a 80% de UTIs ocupadas após dias de estabilidade
Resumo da notícia
- Na rede privada de SP, internações de covid-19 haviam diminuído ou estabilizado
- Baixo isolamento, pacientes de fora e leitos para prefeitura impactam demanda, que subiu
- Na rede pública, internação e mortes ligadas ao coronavírus não pararam de aumentar
Após uma estabilização e até recuo no número de novas internações em abril, uma alta no número de pacientes com covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, volta a encher as UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) e enfermarias da rede privada em São Paulo.
É o que mostra levantamento exclusivo feito pelo UOL com a evolução dos números de boletins internos diários de hospitais, com a Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) e com profissionais de saúde.
Na capital, cerca de 80% dos leitos de UTI em hospitais particulares estavam ocupados nesta segunda-feira (19), de acordo com um levantamento feito pela Anahp entre hospitais associados a pedido da reportagem. Na semana passada, chegou a 95% de acordo com a prefeitura.
De acordo com a evolução verificada nos boletins internos de seis dos principais hospitais da rede privada na capital paulista obtidos pela reportagem, a tendência de alta no número de casos de covid-19 foi observada nos últimos 15 dias, com intensificação na última semana.
Enquanto na rede pública de São Paulo, de forma geral, o aumento no número de casos começou em meados de abril e não parou mais de subir, com taxa atual de ocupação na faixa dos 90% dos leitos, esses boletins mostram que na rede privada as internações começaram ainda na segunda quinzena de março, com a confirmação dos primeiros casos no país.
Com as medidas de quarentena impostas pelo governo do estado e conscientização das pessoas da gravidade da pandemia, a ocupação nos hospitais privados caiu ou parou de subir ao longo de abril, apurou a reportagem na análise dos boletins internos.
Casos sobem junto a baixo isolamento, demanda do interior e vagas para rede pública
Com o relaxamento do isolamento social por parte da população observado nas últimas semanas, as internações voltaram a subir também nos hospitais particulares, mostram os números.
Outro fator para o aumento das internações apontado pelos profissionais ouvidos pela reportagem é a vinda de pacientes de fora da cidade em busca de vagas de UTI e a contratação de leitos pela prefeitura em alguns hospitais (leia mais abaixo).
"Observamos um aumento no número de internações de pacientes com covid-19 a partir do feriado do dia 1 de maio", afirma o médico Luiz Cardoso, superintendente de Pacientes Internados e Práticas Assistências do Hospital Sírio-Libanês. "A partir dali voltou a crescer lentamente o número de internações de covid-19. Pode ser realmente uma segunda onda, mas ainda sem a mesma força da primeira", diz.
"A primeira veio quando quem tinha viajado para o exterior onde o contágio acontecia voltou para cá", diz. De acordo com o médico, o surgimento de diversos picos na quantidade de casos que passam pelo hospital já era esperado. "A gente aqui nunca pensou que seria um único momento. Com o contágio comunitário, é provável que haja outras ondas também."
Curva crescente de casos chamou atenção
No Sírio, na terça-feira passada (15) havia 83 pacientes internados no setor de enfermaria em quartos e outros 29 na UTI com suspeita ou confirmação de covid-19. Há cerca de duas semanas, eram menos de 60 e 20, respectivamente.
No Hospital Israelita Albert Einstein, os profissionais também viram um aumento no número de internações relacionadas ao novo coronavírus, mas assim como no Sírio-Libanês, menos intensa que a primeira.
"O número de internados era estável havia pelo menos três semanas, mas de uns dez dias para cá tem subido outra vez, gradualmente", afirma um médico do hospital, que não tem autorização da direção para conceder entrevista. "No geral os setores covid estão com uma ocupação de pelo menos 70%. Tem passado muita gente pelo pronto-socorro também."
Assim, como em outros hospitais, lá cresceu a demanda por leitos de pacientes de fora de São Paulo. "Tem muita gente chegando de outras regiões, e geralmente são casos mais graves que vão direto para UTI", afirma o médico.
Hospitais registram alta de pacientes de covid-19
O UOL pediu, via assessoria de imprensa, para conversar oficialmente com um representante do Einstein sobre o assunto, mas não foi atendido. Em nota, a assessoria diz apenas que o número de casos está estável.
No Hospital Samaritano, o máximo de pacientes que precisavam de ventilação mecânica na UTI, até o começo de abril, foi de 18. Desde então o número estava caindo, mas há duas semanas voltou a subir e na quarta, já eram 16 pacientes entubados.
Na Beneficência Portuguesa, duas UTIs com 36 leitos exclusivos para covid-19 cada estavam praticamente lotadas até o final da última semana. Médicos que trabalham no local dizem que o número de pacientes nunca chegou a cair de verdade, mas está aumentando nas duas últimas semanas.
Alguns hospitais da Rede D' Or São Luiz, entre ele o Vila Nova Star, também registram aumento no número de internações relacionadas ao novo coronavírus.
Baixa procura por atendimentos e redução de salários de médicos
Todos os grandes hospitais de São Paulo criaram setores e até prédios inteiros exclusivamente para pacientes com covid-19. Assim, os pacientes de outras enfermidades não entram em contato com os casos do novo coronavírus.
Apesar disso, as internações caíram 27% na rede privada em todo o país, sinal visto como medo da população ao procurar atendimento. Com a queda de demanda, hospitais como o Einstein e o Sírio-libanês fazem corte de salário dos profissionais.
Na quarta-feira (13), o Hospital 9 de Julho tinha 68 dos 102 leitos de UTI para pacientes com confirmação ou suspeita de covid-19 lotados.
"Parecia ter arrefecido, estava estável o número de internações, mas cresceu bastante nas últimas semanas", diz um enfermeiro do hospital. "Estamos assustados aqui, tomara que estabilize novamente rápido."
De acordo com o diretor geral, Alfonso Migliore Neto, o hospital tem a situação sob controle e os casos de covid-19 não interferem no atendimento a outros pacientes. Segundo ele, assim como no Einstein e no Sírio, os casos de covid-19 ficam separados desde a chegada.
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