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Desigualdade é obstáculo no isolamento contra covid, diz secretário de SP

Do UOL, em São Paulo

19/05/2020 18h28Atualizada em 19/05/2020 19h20

A adoção de medidas de isolamento social na cidade de São Paulo durante a pandemia do novo coronavírus tem um obstáculo grande, que não se faz presente só no momento atual: a desigualdade social.

Em participação no UOL Entrevista de hoje, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, disse que a periferia da cidade precisa de ações específicas para evitar aglomerações. Mas lembrou: com o Brasil dividido, é mais difícil adotar medidas eficazes.

"Temos uma sociedade dividida. Em São Paulo, seis milhões de pessoas estão recolhidas e seis milhões estão andando na cidade. O país está dividido. Isso agravou muito a situação do Brasil, não só de São Paulo. É um problema real. Apesar de todo esforço de governos locais, você tem um país dividido", disse.

"Infelizmente, a gente tem que conviver com essa realidade. As ações com pancadões envolvem ação de prefeituras regionais, Polícia Militar, secretaria de cultura, para dar alternativas à juventude que não seja só o 'pancadão'", acrescentou.

Capacidade do sistema de saúde

O secretário ainda garantiu que o sistema de saúde da capital paulista vai conseguir tratar todas as pessoas que ficarem doentes —principalmente se a população respeitar as medidas de isolamento social e, assim, contribuir para "espalhar" a covid-19 ao longo do tempo.

"O mecanismo é esse, espalhar a doença ao longo do tempo para que o sistema de saúde possa tratar quem ficar doente. Vamos salvar as pessoas mesmo existindo a pandemia. O que não pode é que todo mundo fique doente ao mesmo tempo, essa é a grande questão", afirmou.

Além disso, Aparecido endossou o uso de máscaras, hábito que ainda deve permanecer na vida das pessoas mesmo depois da pandemia. "Até que se tenha um processo de disseminação [da covid-19] mais consolidado, tenho a impressão de que esse é um costume que veio para ficar. O uso da máscara vai ser muito bom se feito por muito tempo, ao longo deste e dos próximos anos", recomendou.