Além de cloroquina, Bolsonaro defende remédio Annita contra covid-19
Além da hidroxicloroquina, que diz ter tomado nas últimas semanas como forma de tratamento para o coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também sugeriu que as pessoas com sintomas da covid-19 procurem médicos para saber se devem tomar o vermífugo conhecido pelo nome comercial Annita —que não tem comprovação de eficácia contra a doença.
"Também agora está aí, estão apresentando o Annita. Não sou médico, não recomendo nada para ninguém. O que recomendo é que você procure o médico... Você que está com parente, amigo, um idoso com sintomas, procure um médico. Doutor, você ministra hidroxicloroquina ou não? Ministra Annita ou não? O médico vai falar alguma coisa. Ele pode falar 'vai para casa e deite'. Aí você decide e procura outro médico se quiser", afirmou.
Embora tenha dito que não é "garoto-propaganda" dos medicamentos, Bolsonaro exibiu caixas de hidroxicloroquina e Annita enquanto fazia as declarações em live transmitida no Facebook e no YouTube.
A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão do Ministério da Saúde, emitiu parecer favorável ao desenvolvimento de uma pesquisa com nitazoxanida 600 mg, o vermífugo Annita, para o tratamento de pacientes com covid-19.
A droga é apontada como o remédio "secreto" mencionado ontem por Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia, como aposta para encontrar uma cura para a doença.
Cloroquina é ineficaz, dizem OMS e médicos
Bolsonaro é alvo de uma representação que pede apuração de ato de improbidade administrativa, por incentivar e determinar o aumento de produção de cloroquina, substância cuja eficácia é rejeitada por cientistas. A representação apresentada pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) contra Bolsonaro foi feita à Procuradoria-Geral da República.
Na semana passada, a OMS (Organização Mundial da Saúde) reafirmou que a substância é ineficaz no tratamento da covid-19. Soumya Swaminathan, cientista-chefe do órgão, explicou o motivo de os ensaios com a hidroxicloroquina terem sido suspensos. "Todo nosso trabalho faz parte de um processo bem estabelecido, claro que estamos melhorando este processo. Fazemos uma revisão sistemática das evidências e isso demora, pois temos um grande número de estudos. Interrompemos o ensaio da hidroxicloroquina pela segurança, já que não podemos colocar a vida das pessoas em risco. Temos evidências suficientes para saber que não há nenhum impacto para pacientes hospitalizados com covid-19", disse ela.
No mês passado, o Hospital Israelita Albert Einstein, um dos mais respeitados no país, informou que "não recomenda" que médicos tratem pacientes da instituição com cloroquina.
O documento, assinado pela direção do hospital, afirma que não há evidências de que o medicamento reduz a mortalidade e o tempo de internação ou evite o uso de ventilação mecânica em pacientes graves. Também argumenta que possíveis benefícios da cloroquina não superam seus riscos.
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