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SP: Secretário critica interior por flexibilizar e 'banalizar' isolamento

Jean Gorinchteyn disse que medidas tomadas na capital evitaram interiorização da pandemia por algumas semanas - MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO
Jean Gorinchteyn disse que medidas tomadas na capital evitaram interiorização da pandemia por algumas semanas Imagem: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

23/07/2020 11h48

Jean Gorinchteyn, anunciado anteontem como novo secretário de Saúde de São Paulo, disse hoje que a interiorização da pandemia do coronavírus no estado se deve em parte pela forma como cidades do interior flexibilizaram as medidas de isolamento social. Gorinchteyn, que é infectologista do hospital Emílio Ribas, ainda afirmou que houve "banalização" dessas ações.

"O que nós vemos é que realmente em termos de município: São Paulo ainda tem 20% dos seus municípios aumentando o número de caso. Isso era algo que já era previsto", disse o secretário em entrevista à CNN Brasil.

"Nós já prevíamos, antes de ter assumido um compromisso político e social, mas nós, como médicos, já sinalizávamos a banalização de medidas por algumas cidades do interior de São Paulo, que faziam vistas grossas ao que acontecia principalmente no município de São Paulo", acrescentou Gorinchteyn.

O novo secretário anunciado pelo governador João Doria (PSDB-SP) defendeu que a interiorização da epidemia poderia ter acontecido antes se a capital não tivesse mantido as medidas de isolamento social. Segundo ele, o processo teria se iniciado "de quatro a cinco semanas" antes.

"Quando (a epidemia) chegou (ao interior), à medida que as flexibilizações não foram realizadas de forma lenta, gradual e progressiva, seguindo as determinações do governo do estado, claramente as pessoas se expuseram muito mais. Maior número de pessoas indo às ruas, circulando mais, e com elas também o próprio vírus, e é isso que acabou acontecendo", afirmou.

Gorinchteyn citou regiões como as das cidades de Ribeirão Preto, Araçatuba e Franca como aquelas que começaram a sofrer mais pressão pelo aumento do número de casos no interior, principalmente porque começaram a receber pacientes de municípios próximos. O secretário elogiou o acompanhamento feito pelo governo do estado em Piracicaba.

"Algumas áreas foram muito bem acompanhadas, como Piracicaba, em decorrência de uma elevação do número de leitos de UTI sendo comprometidos, atingiu quase 85% (de ocupação), foi um sinal de que 'opa, estamos internando mais, não temos a condição de manter na zona laranja'", disse o infectologista.

Cinco regiões no vermelho e casos em alta

Como citado pelo novo secretário, o estado de São Paulo hoje tem cinco regiões na fase vermelha do plano de flexibilização das medidas de isolamento social. Além de Piracicaba, Campinas, Ribeirão Preto, Araçatuba e Franca demonstram situação crítica no combate à pandemia, conforme a última classificação feita pelo governo estadual na sexta-feira (17).

Além disso, a interiorização da pandemia vem se traduzindo em números. Enquanto a capital segue com as estatísticas em baixa, os municípios do interior têm elevado os dados estaduais. Ontem, São Paulo atingiu o segundo maior número de aumento de casos em um dia.

Nas últimas 24 horas, o estado teve 16.777 novos registros oficiais de covid-19. O recorde é de 19.030 casos, apontado em 19 de junho.