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Covid já supera mortes anuais por doenças respiratórias em 24 anos

Vista do cemitério Parque Taruma durante o surto de doença de coronavírus, em Manaus - BRUNO KELLY/REUTERS
Vista do cemitério Parque Taruma durante o surto de doença de coronavírus, em Manaus Imagem: BRUNO KELLY/REUTERS

Igor Mello

Do UOL, no Rio

25/07/2020 04h00

Foram necessários apenas 129 dias para que a covid-19 superasse sozinha os registros anuais de mortes por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) registrados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) desde 1996, quando a contagem de casos foi estabelecida nos moldes atuais. Nesta sexta-feira (24), o Brasil chegou a 85.238 mortos em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

De acordo com SIM (Sistema de Informações de Mortalidade) do Ministério da Saúde, até então o ano que havia registrado mais mortes por essas doenças respiratórias —como gripes e pneumonias— havia sido 2016, quando houve 84.097 óbitos por SRAG no país.

Os dados do Ministério da Saúde vão até 2018 —as informações referentes ao ano passado ainda estão em fase de preparação.

Somente São Paulo e Rio de Janeiro —áreas mais afetadas pela pandemia até agora— já somam mais mortes por covid do que os registros anuais de SRAG entre 1997 e 2002: os dois estados somavam 33.429 óbitos até esta quinta-feira (23), enquanto o recorde registrado nesse período ocorreu em 2002, com 32.829 vítimas de doenças respiratórias.

A falta de controle na pandemia vem provocando impactos nacionais e internacionais para o Brasil. Nesta sexta-feira (24), a Fórmula 1 anunciou o cancelamento do Grande Prêmio do Brasil, que seria realizado no Autódromo de Interlagos em 15 de novembro. É a primeira vez que o Brasil ficará fora do circuito desde 1972. Diante da notícia, a prefeitura de São Paulo anunciou o cancelamento do desfile das escolas de samba no carnaval e da parada LGBTQ+.

Mortes nos estados crescem até 290% com covid

Embora o recorde nos números nacionais já chame atenção, a devastação provocada pela pandemia do novo coronavírus é ainda mais evidente quando os dados são analisados por estado.

Em 16 estados e no Distrito Federal, o número de mortos pelo coronavírus já supera o recorde de mortes por SRAG.

O cenário afeta principalmente estados do Norte e Nordeste, nos quais o crescimento no número de mortes por coronavírus em relação ao pico anterior de doenças respiratórias chega a ser superior a 100%.

O maior aumento ocorreu no Amazonas, um dos locais do país onde o sistema de saúde colapsou por conta da covid: até esta quinta-feira, o estado já tinha 3.193 óbitos —crescimento de 290% em relação ao recorde de mortes por SRAG anterior. Até então, o maior número de amazonenses mortos por doenças respiratórias havia sido 265 em 2018.

Roraima, Amapá. Pará e Rondônia também registraram crescimentos de mortalidade superiores a 100%.