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Monumento em homenagem às vítimas da covid-19 é instalado no Rio

Memorial em homenagem às vítimas da covid-19 foi inaugurado no Rio - Divulgação
Memorial em homenagem às vítimas da covid-19 foi inaugurado no Rio Imagem: Divulgação

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, do Rio

20/09/2020 14h21

Familiares de vítimas da covid-19 participaram hoje da inauguração do monumento batizado "Memorial In-finito", o primeiro memorial físico às pessoas que morreram por causa da doença no país. A obra foi instalada no crematório e Cemitério da Penitência, no bairro do Caju, zona portuária da Rio de Janeiro. A inauguração faz parte de uma série de eventos do movimento "Mundo Unido pela Vida", que acontece em mais de 30 países.

A escultura é feita de aço oxidado, tem 39 metros de comprimento e pesa quase três toneladas. Ao longo do monumento, é possível ler o nome de vítimas da doenças.

A mãe da aposentada Maria Celina Muniz Barreto, 68, é uma das vítimas da covid-19 - Divulgação - Divulgação
A mãe da aposentada Maria Celina Muniz Barreto, 68, é uma das vítimas da covid-19
Imagem: Divulgação

A mãe da aposentada Maria Celina Muniz Barreto, 68, foi infectada pelo novo coronavírus e não resistiu. A filha diz que o memorial deve amenizar "um pouco" o luto.

"Eu perdi minha mãe para a covid-19 no dia 28 de maio. Além do enorme sofrimento com a morte, não poder me despedir foi um desalento. A tristeza assumiu uma força tão grande que aumenta a dor e a sensação do luto, que eu espero poder atenuar com essa homenagem".

As famílias que quiserem ter o nome de seus parentes na obra têm que apresentar a certidão de óbito com a causa da morte pela covid-19 e pagar uma taxa de R$ 125. Segundo os criadores do memorial, este valor é referente à confecção do adesivo com nome que é colocado na obra.

Obra a céu aberto

"Este memorial foi concebido para homenagear todas as pessoas que não tiveram o direito de se despedir das pessoas que amam, através dos ritos fúnebres", diz ao UOL a arquiteta responsável pelo projeto, Crisa Santos.

Ela conta que percorreu diversos cemitérios do país para definir a estética da escultura, que é uma metáfora da eternidade. A obra é composta por desenhos em espiral e linhas circulares que têm como significado a perenidade. O monumento inclui bancos e passagens que dão o sentido de pertencimento do mundo.

"A idealização da obra a céu aberto foi para oferecer um local em que os visitantes possam meditar e se conectar com quem partiu. Isso ajuda a ressignificar a morte, especialmente na pandemia, que inviabilizou as despedidas. Que ele seja uma peça importante na passagem, não simplesmente mais um número", diz.

"Não é um número; são histórias que precisam ser perpetuadas, contadas. Daí a criação do memorial ser em onda que parece não ter fim. É exatamente isso: a nossa história não tem fim e não pode, simplesmente, acabar numa pandemia. Ela continua nos nossos familiares, nos nossos filhos, nos amigos, colegas de trabalho. São pessoas, histórias e não números."

O projeto, cuja concepção começou em junho e envolveu cerca de 50 profissionais de diversos estados e áreas de atuação, foi doado pelo Coletivo Crisa Santos Arquitetos à direção do Cemitério da Penitência. O cemitério pagou R$ 300 mil pelo material e execução da obra.

'Vamos acolher todas as pessoas', diz administrador

O administrador do cemitério, Alberto Brenner Júnior, acrescenta que o memorial é extensivo às famílias fluminenses, independente do local onde seus parentes foram enterrados.

"Vamos acolher todas as pessoas que quiserem conhecer a obra e também fazer parte dela", afirma Alberto.

A inauguração do monumento aconteceu hoje por causa do movimento "O Mundo Unido pela Vida", que acontece em cemitérios de mais de 30 países, como Argentina, Japão, Austrália e Estados Unidos, com o objetivo de celebrar a vida.

De acordo com boletim enviado pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio, ontem (19), o estado chegou a 17.634 mortes e mais de 250 mil casos da doença.

A média móvel de mortes pela doença subiu pelo segundo dia seguido no Rio. A média móvel de mortes chegou a 92,71 neste sábado —uma aceleração de 20% quando comparada com a taxa assinalada há duas semanas.