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Escolas fechadas e lockdown de volta: como está a pandemia em outros países

Garçom usa máscara para servir os clientes em café de Paris, que reabre após o confinamento  - Getty Images
Garçom usa máscara para servir os clientes em café de Paris, que reabre após o confinamento Imagem: Getty Images

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

22/09/2020 04h00

Enquanto o Brasil finalmente indica sinais de desaceleração na evolução de novos casos e mortes pelo novo coronavírus, a Europa vê uma nova nova onda de aumento no número de casos. Países que pareciam ter controlado a expansão do vírus registram picos diários maiores do que no auge da pandemia até então —entre março e maio. Os números preocupam a OMS (Organização Mundial de Saúde).

Para segurar este crescimento, alguns governos têm adotado novas medidas restritivas.

Outros países do mundo também estão em alerta — como Israel, que declarou lockdown.

Veja a seguir como está a pandemia em diferentes lugares do mundo:

Reino Unido

Com 4 mil novos casos diários nos últimos dias —número semelhante a abril e maio—, o Reino Unido voltou a anunciar medidas mais rígidas para conter o avanço do vírus.

O premiê Boris Johnson, que chegou a negar a pandemia no primeiro semestre, afirmou que não quer decretar "um segundo isolamento nacional", mas considera que "a segunda onda é inevitável". A partir da próxima segunda (28), o país multará em até 10 mil libras (equivalente a R$ 70 mil) quem testar positivo para covid-19 e não se isolar durante a quarentena recomendada pelos médicos.

Espanha

O país ibérico registrou 239 mortes por covid-19 no último dia 17, maior número diário desde o final de abril, com explosão também no número de novos casos (mais de 14 mil na última sexta-feira, dia 19).

Para conter o avanço, o governo da capital, Madri, tomou uma decisão polêmica: impôs restrições de entrada e saída a oito bairros, principalmente os mais pobres e com imigrantes.

A partir da última segunda (21), os 858 mil moradores da zona sul só poderão deixar a região por "motivos essenciais" como trabalhar, ir ao médico ou levar filhos à escola. Quem descumprir poderá ser multado em 600 euros (cerca de R$ 3.800). A medida é considerada "segregação geográfica" por especialistas.

França

A França também vê o avanço do vírus nos últimos dias. Na última sexta, o país registrou quase 14 mil novos casos - um recorde em toda a pandemia. Apesar das mortes não crescerem como na Espanha, 13 das 18 regiões do país estão na "zona vermelha", de maior risco de circulação do vírus.

O ano letivo foi retomado no país em 1º de setembro e, desde então, mais de 2,1 mil salas de aulas e cerca de 80 escolas foram fechadas. Pelos parâmetros do governo, as aulas são interrompidas se três ou mais alunos de uma mesma turma apresentarem testes positivos para a doença.

Alemanha

O país de Angela Merkel voltou a ver mil novos casos diários em agosto. O número de mortes, por sua vez, segue inferior a dez e o cotidiano está sendo reestabelecido de forma gradual. Até os grandes eventos estão voltando. Nesta semana, os organizadores do Grande Prêmio de Eifel de Fórmula 1, em Nürburgring, no oeste do país, autorizaram a venda de até 20 mil ingressos para a corrida.

Itália

Primeiro epicentro europeu do vírus, a Itália também vê novamente um aumento de casos. Mesmo com avanço inferior aos dos vizinhos, o país segue tomando medidas restritivas, como a barreira turística, em que os testes são obrigatórios para passageiros vindo de locais com crescimento de casos, como Paris, e veto de entrada de 16 nacionalidades, incluindo brasileiros.

No último fim de semana, em que houve referendo constitucional e eleições regionais, o país montou colégios eleitorais em hospitais e criou um sistema de coleta de votos por domicílio para pacientes com covid-19.

Israel

Israel, que praticamente passou ilesa no auge da pandemia entre os países próximos, entre março e maio, vê agora seus números dispararem, com mais de 10 mil novos casos na última sexta. Até o início de setembro, nunca havia passado de 3 mil.

Quarenta distritos do país já passavam por medidas restritivas, incluindo toque de recolher.

Na semana passada, o governo de Benjamin Netanyahu decretou lockdown de três semanas, com possibilidade de prorrogação.

Praia de Tel Aviv, em Israel, deserta em 21 de setembro, durante lockdown decretado pelo governo - Mostafa Alkharouf/Anadolu Agency - Mostafa Alkharouf/Anadolu Agency
Praia de Tel Aviv, em Israel, deserta em 21 de setembro, durante lockdown decretado pelo governo
Imagem: Mostafa Alkharouf/Anadolu Agency

China

O país onde o vírus foi descoberto foi o primeiro a adotar medidas radicais no combate à covid-19. Em fevereiro, trancou a região de Wuhan, onde a epidemia apareceu, por dois meses e praticamente fechou suas fronteiras. Hoje, a China praticamente zerou os registros de mortes e vê um número inferior a 200 novos casos diários desde julho.

Coreia do Sul

A Coreia do Sul também apresenta um quadro mais animador em relação à pandemia. Depois de aumento de casos em agosto, a capital Seul voltou a apresentar redução nos números e decidiu reabrir as escolas desde ontem. O procedimento é gradual e limitado a uma capacidade máxima de ocupação de dois terços no ensino médio e um terço nas outras etapas.

Estados Unidos

Epicentro mundial da pandemia desde abril, os Estados Unidos registram, como o Brasil, uma diminuição gradual em novos casos e mortes diários, mas os números continuam alto: mais de 41 mil novas confirmações e quase mil mortes no último domingo (21).

À beira dos 200 mil mortos, o país também delegou aos estados as decisões sobre as medidas de combate à doença. Em muitos lugares, o comércio está funcionando e as escolas e universidades já reiniciaram as atividades.

O presidente Donald Trump, que disputará a reeleição em novembro, segue em constante embate com a ciência sobre como enfrentar o novo coronavírus.