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Após crise, Bolsonaro e Pazuello aparecem juntos, riem e elogiam cloroquina

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

22/10/2020 14h54Atualizada em 22/10/2020 18h11

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apareceram juntos em uma live hoje para negar os rumores de crise entre os dois. A mensagem de pacificação ocorre depois que o chefe do Executivo federal desautorizou publicamente o subordinado, ontem (21), no episódio da compra de doses da vacina de origem chinesa CoronaVac.

"É simples assim, um manda e outro, obedece. Mas temos um carinho", afirmou Pazuello, sorrindo. Bolsonaro reagiu em tom de brincadeira: "Está pintando um clima aqui".

Bolsonaro ficou insatisfeito pelo fato de o Ministério da Saúde ter assinado com o estado de São Paulo, governado por um de seus desafetos, João Doria (PSDB), um protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da CoronaVac.

Bolsonaro considerou que o tucano, provável adversário na disputa à reeleição em 2022, tentou tirar proveito do acordo. Além disso, o presidente recebeu críticas de apoiadores nas redes sociais. Os seguidores rejeitam a ideia de tomar uma vacina de origem chinesa, país que eles consideram "comunista".

Na live, Bolsonaro e Pazuello voltaram a defender o uso da hidroxicloroquina para tratar a covid-19, ainda que não haja nenhuma comprovação científica de sua eficácia, e negaram qualquer atrito entre si.

No vídeo, tanto Bolsonaro quanto Pazuello, recém-diagnosticado com a covid-19, aparecem sem máscara.

O presidente já foi infectado e se curou, mas isso não significa que não possa ficar doente novamente ou "carregar" o vírus e transmiti-lo a outras pessoas, uma vez que a questão da imunidade ainda é uma incógnita para os cientistas.

Questionado por Bolsonaro sobre seus sintomas, Pazuello relatou ter sentido cansaço, dor de cabeça e "um pouquinho de febre".

"Na segunda, estava indo para aquele evento do Marcos Pontes [ministro da Ciência e Tecnologia], ali estava bem cansado. Segunda à noite foi difícil, com dor de cabeça, enxaqueca e um pouquinho de febre. Na terça, durante o dia, dei uma piorada. Na terça, mesmo, comecei a tomar hidroxicloroquina", contou Pazuello.

Bolsonaro encerrou a transmissão elogiando o trabalho do subordinado. "Foi um dos melhores ministros da Saúde, um trabalho excepcional."

Antecessores de Pazuello, Luis Henrique Mandetta (DEM) e Nelson Teich deixaram o cargo em meio à pandemia — o primeiro foi demitido, enquanto o segundo pediu demissão. Com ambos, o embate teve como principais fatores o uso da cloroquina para tratamento da covid-19, defendida por Bolsonaro, e as medidas de isolamento e distanciamento social, criticadas pelo chefe do governo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que constava no texto, Nelson Teich não foi demitido. Ele pediu demissão. A informação foi corrigida.