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Com atraso da Anvisa, CoronaVac pode ficar para 2021, diz Dimas Covas à TV

Previsão do diretor do Butantan é que vacina seja disponibilizada no início ou meados de janeiro - Deyvid Edson/Estadão Conteúdo
Previsão do diretor do Butantan é que vacina seja disponibilizada no início ou meados de janeiro Imagem: Deyvid Edson/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

22/10/2020 22h07Atualizada em 22/10/2020 22h24

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, lamentou o atraso por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na autorização para importação de matéria-prima da farmacêutica chinesa Sinovac Life Science, que possibilitaria a fabricação da CoronaVac no Brasil. Com isso, segundo Covas, a vacina pode ficar para 2021.

"Se for aprovada essa autorização em novembro, isso já vai causar uma nova previsão e, portanto, um atraso de 15 dias no programa inicial. Então essas vacinas poderão estar prontas não exatamente em dezembro, como eu tenho anunciado, mas no começo ou meados de janeiro", disse o diretor do Butantan ao "Jornal Nacional", da TV Globo.

Essa demora foi revelada pelo próprio Covas à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. À coluna, o diretor do Butantan relatou ter enviado um pedido formal de liberação excepcional da importação do produto em 23 de setembro. Hoje, porém, recebeu a informação de que o assunto só será tratado em uma reunião marcada para 11 de novembro.

Covas questionou o prazo durante a conversa com o JN, explicando que esse tipo de pedido costuma tramitar "muito rapidamente", em dez dias. Ele disse esperar que a agência reveja essa previsão, uma vez que a autorização é fundamental para o início da produção da vacina contra a covid-19.

"Esperamos que a Anvisa reavalie esse prazo para que possamos trazer essa vacina e iniciar essa produção. A produção é fundamental, juntamente com o processo de estudo clínico, para que nós possamos disponibilizar essa vacina para o Brasil o mais rapidamente possível", completou.

Conflitos

Desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, a CoronaVac tem sido motivo de embate entre o governo de São Paulo e o federal. Na terça-feira (20), o Ministério da Saúde havia anunciado a intenção de comprar 46 milhões de doses da vacina, mas foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no dia seguinte.

Em publicação nas redes sociais, Bolsonaro chamou a CoronaVac de "vacina chinesa" e disse que o povo brasileiro "não será cobaia". Para o presidente, não se justifica um bilionário aporte financeiro em um medicamento que "sequer ultrapassou sua fase de testagem".

Nenhuma das quatro vacinas atualmente testadas no Brasil — CoronaVac, AstraZeneca/Universidade de Oxford, Sputnik V e Pfizer/BioNTech — já foi aprovada para distribuição à população. A CoronaVac e a AstraZeneca/Oxford estão na mesma fase de estudo — mas, à segunda, o governo federal liberou quase R$ 2 bilhões em agosto.