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Registro da CoronaVac em 2020 é 'muito improvável', diz diretor do Butantan

A CoronaVac é a vacina da covid-19 produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac - Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo
A CoronaVac é a vacina da covid-19 produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac Imagem: Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

28/10/2020 21h05Atualizada em 28/10/2020 21h10

Com o atraso para a liberação da importação de insumos, é "muito improvável" que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) faça o registro da vacina CoronaVac ainda em 2020, segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. A essa altura, segundo Covas, apenas uma mudança nos protocolos poderia agilizar o processo.

"O calendário de produção que o Butantan tinha para essa vacina... Com esse atraso que ocorreu na autorização da importação, nós só vamos poder iniciar esse calendário em meados de novembro. Portanto, a parte de validação do produto estará disponível no final do ano, na primeira quinzena de janeiro", explicou ele em entrevista à CNN Brasil.

Mesmo que o Butantan consiga entregar o dossiê completo à Anvisa ainda em dezembro, acrescentou Covas, a agência teria até 60 dias — ou seja, fevereiro de 2021 — para emitir o registro. "Eu acho muito improvável que esse calendário permita o registro dessa vacina ainda neste ano, a não ser que ocorra uma mudança nos protocolos de registro", ponderou.

A CoronaVac é a vacina contra a covid-19 produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Life Science. A autorização para importar a matéria-prima necessária para sua produção foi anunciada hoje pela Anvisa.

O pedido havia sido feito em 23 de setembro pelo Butantan, que tem a previsão de usar os insumos vindos da China para produzir 40 milhões de doses em sua fábrica em São Paulo. Até então, a instituição acreditava ser possível que as doses estivessem à disposição até dezembro.

Além disso, também foi liberada a importação de 6 milhões de doses produzidas pela Sinovac, que devem chegar a São Paulo na próxima semana.

Em nota, a Anvisa confirmou que concedeu a liberação dos insumos em "caráter excepcional". A decisão foi tomada no Circuito Deliberativo da agência, que permite a votação virtual dos diretores sobre temas de grande relevância. O grupo se reuniu ontem e hoje.

Confiança no Butantan

Antônio Barra Torres - Pedro França/Agência Senado - Pedro França/Agência Senado
Imagem: Pedro França/Agência Senado

Logo após a divulgação da autorização, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, demonstrou confiança de que o Butantan vai conseguir atender os requisitos feitos pela agência, assim como disse acreditar na competência da instituição para lidar com um material que requer segurança redobrada.

"Vacinas já prontas foram autorizadas e agora estamos autorizando a vinda para o Brasil de matéria-prima, que, é claro, terá todo o atestado de segurança do manuseio deste material assumido pelo próprio Instituto Butantan, que tem condições para isso para que possa ter início os ajustes da fase de produção", disse Torres em entrevista à CNN Brasil.

"Claro que temos que lembrar que estamos lidando com o material, no caso o vírus inativado, mas é um material biológico que precisa ter um controle muito bem feito e rigoroso. E com certeza não terá maiores dificuldades para que o Instituto [Butantan] proceda dessa maneira", completou.

Torres disse que as exigências feitas pela agência, "em linhas gerais, são detalhes que falam da segurança, do transporte, do acondicionamento desse material, do seu manuseio, das condições que tem de haver para que ele fique em perfeitas condições".