Discussão entre Bolsonaro e Doria não afeta vacina, diz diretor da Anvisa
O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, afirmou hoje que não vê como a disputa política entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo João Doria (PSDB) possa afetar os processos de aprovação de uma vacina contra a covid-19. No caso mais específico, Barra Torres falava sobre a CoronaVac.
"Eu não consigo entender o que que duas pessoas que não trabalham na Anvisa estejam discutindo que possa atrapalhar a credibilidade do trabalho da Anvisa. São autoridades do cenário político e de gestão nacional que estão tendo discussões, mas não são integrantes da agência", afirmou o diretor da Anvisa em entrevista à colunista do UOL Carla Araújo e ao repórter do UOL Wanderley Preite Sobrinho.
À Anvisa, a ciência regulatória. Aos políticos, a ciência política. E que uma nunca se misture com a outra.
A CoronaVac é a vacina contra a covid-19 em desenvolvimento pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O imunizante ainda está em fase de testes de eficácia e pode demorar para ter um registro aprovado pela Anvisa, mas já virou motivo de disputa entre Doria e Bolsonaro na última semana, após o presidente mandar cancelar o compromisso do Ministério Saúde de comprar 46 milhões de doses da vacina.
Mesmo diante da disputa, o diretor da Anvisa afirmou que a "questão política é colocada da porta para fora" da agência federal.
Não há injunção política de qualquer natureza em nossa agência, como deve ser. Nossa agência deve se pautar em uma conduta ética e científica.
"Não há motivo de conversa para receber nenhum tipo de orientação [externa] ou de quem quer que seja. Nós inclusive já recebemos aqui o governador do estado de São Paulo e não teve nenhuma tratativa ou orientação sobre o que a agência faz", concluiu o diretor.
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