Governo de SP publica decreto que prorroga quarentena até 16 de dezembro
O governo de São Paulo publicou hoje no Diário Oficial o decreto nº 65.295 que prorroga a quarentena em todo o estado até o dia 16 de dezembro. A medida já havia sido anunciada ontem pelo governador João Doria (PSDB) após a confirmação do aumento no número de internações por causa da covid-19.
O texto de hoje estabelece a possibilidade de suspensão de atividades não essenciais nos termos do decreto nº 64.879, publicado em março deste ano.
Com o novo cenário, o Plano São Paulo, que regulamenta os estágios da quarentena em todo o estado, não será atualizado nesta semana. Doria prometeu uma nova atualização para o dia 30 de novembro.
Ontem, Doria citou "preocupação" e "cautela" por um aumento constatado de 18% nas internações por covid-19 na última semana.
No entanto, o governo estadual disse que o dado ainda precisa ser analisado em conjunto com estatísticas de novos casos e mortes, que são fornecidas pelo Ministério da Saúde e tiveram um problema de atualização nos últimos dias por causa de uma falha no sistema da pasta federal.
A falta de informações sobre casos e óbitos, durante seis dias da semana passada, causada por pane no sistema do Ministério da Saúde, estará solucionada nessa semana, mas afetou normalização dos dados em todo o Brasil, aqui em especial.
João Doria
Nesse cenário, a administração estadual acredita na possibilidade de defasagem nos números de casos e mortes na semana que precedeu o primeiro turno das eleições, o que poderia implicar que o aumento nas internações pode ter sido maior por ser em comparação com uma semana anterior "boa", com relativamente poucas internações.
"Pelos indicadores disponíveis, a maioria [das regiões de São Paulo] seria promovida para a fase verde. Porém, indicadores de leitos de UTI e internações, sob responsabilidade do governo de São Paulo, cresceram em relação à semana anterior. O momento requer precaução para uma análise mais completa. Cautela e cuidado", completou o governador.
O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou nesta semana ao UOL que a maior parte dos infectados é de adultos das classes A e B, que voltaram para as ruas depois da flexibilização da quarentena.
Aumento de internações em hospitais particulares
Nesta semana, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, fez um alerta para o aumento de internações por covid-19 verificado nos últimos dias, além do crescimento no número de testes realizados e nos diagnósticos positivos para a doença.
Segundo o hospital, entre quinta (12) e sexta (13), foram registradas 18 novas internações relacionadas à covid-19, número que supera a média de hospitalizações contabilizadas diariamente nas últimas semanas.
Os novos números alertam para a necessidade da manutenção das medidas de prevenção: usar máscaras em qualquer ambiente, fechado ou ao ar livre, respeitar o distanciamento social sempre, não participar de aglomerações e realizar a higienização das mãos com frequência."
Trecho da nota do Hospital Israelita Albert Einstein
Na quinta-feira (12), o governo paulista havia negado o crescimento nas internações. Mas, ao UOL, o secretário admitiu ontem que houve aumento nos atendimentos na rede particular.
"Há um aumento do número de casos de internações em alguns hospitais, como o Sírio Libanês. Mas pelo menos 45% dos pacientes vêm de fora do estado de São Paulo, pois os hospitais aqui são centro de referência", afirma.
Não vejo como uma segunda onda, vejo a sequência da primeira. As pessoas estavam isoladas, voltaram a circular e muitos jovens estão indo para festas. Ao voltarem, acabam contaminando pais e avós."
Infectologista David Uip
O que diz o governo
Em nota, o governo de São Paulo disse que o novo decreto prorroga a quarentena por um mês, "assim como vem fazendo desde o início da pandemia do coronavírus".
"Conforme consta no texto, o funcionamento de comércios e serviços continuará seguindo o determinado pelo Plano São Paulo (Decreto 64.994), com classificação sem alteração até 30 de novembro, mantendo as regiões do estado nas fases amarela ou verde."
"O Plano São Paulo norteia a retomada consciente da economia e do cotidiano da população, com a premissa da segurança, prevenção, e garantia da assistência, aliada ao incentivo à manutenção das atitudes essenciais como higienização das mãos, ambientes, além da obrigatoriedade do uso de máscara e, sobretudo, do fortalecimento da rede hospitalar."
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