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Idosa de 90 anos é a primeira a ser vacinada contra covid-19 no Reino Unido

Do UOL, em São Paulo

08/12/2020 06h16Atualizada em 08/12/2020 09h55

Uma mulher de 90 anos se tornou hoje a primeira pessoa do mundo a receber a vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pela Pfizer e BioNTech como parte da campanha de imunização iniciada no Reino Unido.

Margaret Keenan, que fará 91 anos na semana que vem, disse que o imunizante foi o "melhor presente de aniversário antecipado".

Ela recebeu a dose da vacina às 6h31 (3h31 de Brasília), no Hospital Universitário de Coventry, no centro da Inglaterra.

Me sinto muito privilegiada por ser a primeira pessoa a ser vacinada contra a covid-19. É o melhor presente de aniversário antecipado que poderia esperar
Margaret Keenan

Ela está isolada desde o início da pandemia em março e graças à vacina, da qual receberá uma segunda dose em 21 dias, "posso pensar em passar um tempo com minha família e amigos no Ano Novo", afirmou, de acordo com a agência de notícias britânica Press Association. Margaret, avô de quatro netos, usava uma camiseta com tema natalino no momento em que recebeu a dose.

O segundo vacinado no país foi um homem chamado William Shakespeare, de 81 anos, que se declarou "muito feliz".

O Reino Unido foi o primeiro Estado ocidental a autorizar o uso de uma vacina contra a covid-19. A China já imuniza sua população há alguns meses, com uso emergencial de imunizantes.

Cinquenta hospitais britânicos receberam nos últimos dias as primeiras 800 mil doses da vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech, a única autorizada até o momento pela agência reguladora do Reino Unido, que chegaram de laboratórios na Bélgica.

A campanha britânica acontecerá em um primeiro momento apenas em hospitais devido à necessidade de armazenar a vacina em temperatura muito reduzida, entre -70ºC e -80ºC.

Em uma segunda etapa, serão estabelecidos 1.000 centros de vacinação, de ambulatórios a centro esportivos, anunciou o ministro da Saúde, Matt Hancock.

Ele disse que ficou "muito emocionado" ao ver Margaret sendo vacinada.

"Tem sido um ano muito difícil para tantas pessoas e, finalmente, temos nossa luz no fim do túnel", declarou ele à Sky News.

'Vacinação em larga escala vai levar tempo'

8.dez.2020 - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, aplaude após paciente receber dose da vacina contra covid-19 da Pfizer/BioNTech em hospital de Londres - Frank Augstein/POOL/AFP - Frank Augstein/POOL/AFP
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, aplaude após paciente receber dose da vacina contra covid-19 da Pfizer/BioNTech em hospital de Londres
Imagem: Frank Augstein/POOL/AFP

A vacinação acontecerá de acordo com uma ordem de prioridades que começa com residentes e funcionários de casas de repouso, profissionais de saúde e pessoas com mais de 80 anos.

Depois, o programa seguirá por faixas etárias regressivas até os maiores de 50 anos. As autoridades já alertaram que a maior parte da campanha de vacinação acontecerá em 2021.

"Este dia marca um enorme avanço na luta do Reino Unido contra o coronavírus", declarou o primeiro-ministro Boris Johnson, que visitou um hospital em Londres e conversou com os primeiros inoculados.

Johnson, no entanto, fez um alerta de que "a vacinação em larga escala vai levar tempo", pedindo que população continue respeitando as restrições impostas. O Reino Unido é o país mais afetado da Europa pela pandemia, com mais de 61.400 mortes confirmadas.

O Executivo espera vacinar todas as pessoas vulneráveis até abril, mas isto dependerá do ritmo de entrega das próximas doses da vacina.

No mês passado, o Reino Unido disse que espera 10 milhões de doses do imunizante ainda em 2020, mas o governo admitiu que o ritmo da distribuição dependerá da entrega, tendo encomendado um total de 40 milhões de doses — o suficiente para vacinar 20 milhões de pessoas, porque cada uma terá de tomar duas doses.

O número representa menos de um terço de sua população (66,5 milhões), mas o país espera a autorização em breve de outras vacinas, incluindo a da americana Moderna e, especialmente, a britânica da AstraZenaca/Oxford.

Desta última, as autoridades de saúde britânicas reservaram 100 milhões de doses — uma vez autorizada para uso e produzidas —, e como ela pode ser armazenada a uma temperatura de entre 2ºC e 8ºC, a distribuição deve ser mais simples.

A meta do governo britânico é de que, até a Páscoa de 2021, o país possa começar a "retornar à normalidade", mesmo que milhões de pessoas ainda não estejam vacinadas.

Rainha deve receber dose em público

Para lutar contra as dúvidas de alguns britânicos a receber a injeção, a rainha Elizabeth 2ª, de 94 anos, e seu marido, o príncipe Philip, de 99, podem ser vacinados em público nos próximos dias.

Um levantamento divulgado pela agência de pesquisa internacional Opinium aponta que mais de um terço da população britânica "dificilmente tomará" a vacina da covid-19 quando ela estiver disponível.

A possibilidade de a imunização apresentar efeitos adversos é a maior preocupação dos britânicos, com 55% da população temendo efeitos colaterais. Em segundo lugar, 48% do grupo respondeu que se preocupa com a segurança da vacina, enquanto 47% temem que ela não seja eficaz.

Em novembro, a Pfizer anunciou que o imunizante é seguro e tem 95% de eficácia. A vacinação no Reino Unido não é obrigatória, mas Margaret aconselhou as pessoas a tomarem: "Meu conselho a qualquer pessoa que receba a vacina é que tomem - se eu posso tomá-la aos 90, então você também pode tomá-la!"

* Com AFP e Reuters