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Com manobra, Butantan vai pedir registro definitivo de vacina à Anvisa

Allan Brito, Lucas Borges Teixeira e Rafael Bragança

Do UOL, em São Paulo

14/12/2020 13h05Atualizada em 14/12/2020 14h26

O governo de São Paulo anunciou hoje que mudou a estratégia para tentar ter uma aprovação da vacina CoronaVac pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda neste ano. Em vez de buscar apenas o registro emergencial, o Instituto Butantan irá pedir o registro definitivo da vacina na Anvisa na semana que vem. Ao mesmo tempo, será feito o mesmo na agência equivalente na China.

A entrega do resultado preliminares dos estudos de fase 3, com dados de segurança e eficácia do imunizante produzido pela chinesa Sinovac, estava prevista para amanhã, mas foi adiada para a próxima semana, no dia 23. A ideia do governo paulista é apresentar os resultados definitivos.

A mudança na estratégia é mais um capítulo da chamada "Guerra das Vacinas", travada entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Com os resultados finais da CoronaVac, a aposta é que a agência reguladora chinesa registre a vacina em poucos dias. Com isso, o governo de São Paulo recorrerá à lei aprovada em fevereiro deste anos que permite o registro para uso de vacinas aprovadas em agências norte-americanas, europeias, japonesas e chinesas, em até 72 horas após a liberação no local.

"Esse estudo clínico permitirá o registro dessa vacina no Brasil, na China e no mundo. Esse é o motivo da decisão estratégica que tomamos no final da semana passada junto com representantes da Sinovac, de submeter registro final da vacina, não submeter registros intermediários, com base na análise interina", afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.

O governo de São Paulo optou também por manter o pedido emergencial, também condicionado à Anvisa, para tentar diferentes frentes.

Mas a aposta principal é que, na China, que já declarou publicamente a intenção de aprovar o maior número de pedidos, o processo se dê em poucos dias pressionando a Anvisa aqui.

O objetivo é ganhar tempo, explicou João. "Na prática, optar por registrar vacina com estudo conclusivo garantirá agilidade. A solicitação será simultânea na Anvisa e na agência chinesa de medicamentos", disse o governador durante entrevista coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

O governador paulista disse que os estudos clínicos da vacina chegaram ao número de 170 infectados entre voluntários, o que ultrapassa o mínimo de 161 pessoas contaminadas para analisar a eficácia do imunizante. Assim, é conveniente esperar até a semana que vem para já entregar dados adicionais do estudo à Anvisa.

"Outro benefício será conquistar o registro definitivo da vacina em vários países do mundo. São Paulo espera obter o registro até o final deste ano e iniciar a vacinação em 25 de janeiro, com autorização", disse Doria, lembrando que com a nova estratégia o registro da CoronaVac deve acontecer em vários países simultaneamente.

Dimas Covas adiantou que a previsão é de que a CoronaVac tenha pelo menos 500 milhões de doses disponibilizadas para uso mundial no primeiro semestre de 2021. Na China, o imunizante já está sendo aplicado de forma emergencial na população.

Números em alta

Os números apresentados pelo governo paulista hoje evidenciam a piora da pandemia no estado. A média móvel de internações diárias vem crescendo desde a primeira semana de novembro e agora apresenta 1.435 pessoas hospitalizadas todos os dias.

Diante do cenário, o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que o estado abriu 2.000 novos leitos de UTI e pretende ampliar os leitos de enfermaria nos próximos dias.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI no estado é de 59,8%. No início de novembro, essa taxa chegou a ser de 40%. Na Grande São Paulo, os leitos de UTI têm 65,5% de ocupação.

Atualmente, São Paulo tem 4.634 pessoas internadas em UTI com a covid-19, enquanto 6.001 pessoas com a doença estão hospitalizadas em leitos de enfermaria.