Com colapso na saúde, Amazonas tem o triplo de mortes da média do país
O Amazonas tem, proporcionalmente, os piores números do Brasil de casos e mortes em razão do novo coronavírus. Os dados do estado são cerca de três vezes mais altos que a incidência por milhão registrada na média do país. Para os cálculos feitos pelo UOL, foram considerados os dados de população do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Um reflexo dos dados aparece na quantidade de enterros, que triplicou em Manaus. O sistema de saúde do estado também está em colapso e a capacidade de análise de testes no Amazonas também são outras sinalizações do caos. A Assembleia Legislativa já pediu que Brasília considere intervenção federal no estado em razão da pandemia da covid-19.
Por conta da subnotificação em todo o país, é preciso pontuar que os números apresentados pelo Ministério da Saúde e pela secretaria não ilustram os casos reais de contaminados e mortos.
O UOL reportou que, no último domingo (19), foram enterrados 122 corpos na capital amazonense, contra uma média diária de 28 no ano passado. No mesmo dia, a cidade anunciou três óbitos pelo novo coronavírus. Manaus tem cerca de 2,2 milhões de habitantes.
Maior proporção de mortes
Até 21 de abril, são 46 mortes no estado a cada um milhão de pessoas. Nessa mesma proporção, no Brasil, são 13 óbitos, o equivalente a 3,5 vezes menos.
Neste cenário, de óbitos por milhão, o Amazonas é disparado o estado com o pior dado do país.
São Paulo e Rio de Janeiro, que têm os números absolutos de mortes mais altos do Brasil, possuem uma incidência aproximada de 24 e 27 óbitos por milhão, respectivamente.
A quantidade de mortes no Amazonas cresceu mais de 6.333% desde o começo de abril, passando de duas para 193. Essa taxa é a maior do país para o período.
Maior proporção de casos
Também até ontem, o Amazonas possuía cerca de 548 casos do novo coronavírus por milhão de habitantes, quase 2,7 vezes mais que o número considerando o país inteiro: 205.
O único estado que chega perto é o Amapá, com 540. Mais perto desses números apenas Roraima, com 408, e Ceará, 407.
Entre 31 de março e 21 de abril, o estado foi o quinto entre as 27 unidades da federação na taxa absoluta de crescimento da quantidade infectados pela covid-19. Foi uma alta de 42% no período, passando de 175 casos para 2.270, em números absolutos.
Problema no sistema
Para professor doutor Alexandre Barbosa, chefe do departamento de infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), os números do Amazonas mostram um problema no sistema de saúde do estado, já que o coronavírus chegou depois dos primeiros focos no país, que foram São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. "Mesmo [a covid-19] chegando depois, tendo tempo para responder, não respondeu adequadamente."
Barbosa qualifica como "péssima a rede hospitalar" no estado. Como exemplo, houve a inauguração, no último sábado (18), de um hospital inacabado para o combate ao coronavírus em Manaus, o que foi alvo de críticas do MP (Ministério Público) e do Conselho Regional de Medicina.
Já em um pronto-socorro de Manaus, cenas de desespero foram registradas em seus corredores. Em hospitais da rede pública, pacientes são enviados para casa por falta de leitos.
Além disso, houve a compra de respiradores para UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em uma loja de vinho, considerados inadequados para a covid-19. Em áreas isoladas, as unidades de tratamento aéreas viraram única opção no enfrentamento da pandemia.
O governo estadual diz que atua para ampliar a quantidade de leitos e diz que a compra dos equipamentos na loja de vinho foi legal.
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