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Temor por alta de internações deve fazer Doria endurecer restrições em SP

Bruno Covas (PSDB) participa de coletiva ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB) - ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Bruno Covas (PSDB) participa de coletiva ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB) Imagem: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Leonardo Martins

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/01/2021 04h00

A Prefeitura de São Paulo e o governo estadual vão decidir em uma reunião antes do anúncio sobre a atualização do Plano São Paulo, no início da tarde de hoje, se a capital paulista vai regredir à fase laranja ou se continua na fase amarela, mas com uma extensão das restrições.

Há um consenso entre os médicos do Centro de Contingência ao Coronavírus e a Secretaria Municipal de Saúde de que as restrições de quarentena precisam aumentar para que as contaminações por covid-19 estacionem, fazendo com que haja leitos disponíveis daqui a 15 dias, quando parte das pessoas que se infectaram em aglomerações nas festas de final de ano podem desenvolver quadros graves e demandar internações.

Os dados divulgados ontem na cidade corroboram essa decisão. Em apenas um dia, houve aumento de quatro pontos percentuais no número de internações em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), passando de 59% na quarta-feira (6) para 63% na quinta-feira (7).

O cenário considerado "normal" pelos técnicos são aumentos ou quedas diárias de, no máximo, 1%. Esses números foram recebidos como "uma pancada" pelas autoridades e acenderam um alerta sobre o que pode vir nas próximas semanas.

Entre os médicos do Plano São Paulo, a discordância é "conceitual", conforme explicou uma das autoridades ouvidas pelo UOL. Para parte do grupo, manter a capital na fase amarela com a ampliação das restrições serviria para estimular a sociedade a voltar a se preocupar com a pandemia.

Eles temem a repetição do que passou em novembro, quando São Paulo passou da fase verde para a amarela, mas poucos cidadãos mudaram de atitude e continuaram a gerar aglomerações.

Já outros membros entendem que seria melhor regredir direto à fase laranja para fazer as pessoas "entenderem o recado" de que a pandemia ainda está em curso e que as medidas sanitárias são essenciais para a volta das flexibilizações.

O governador João Doria (PSDB) terá a palavra final sobre o assunto.

Em reunião virtual com todos os prefeitos paulistas, na última quarta-feira (6), Doria afirmou que o estado e o país vivem uma segunda onda de covid-19.

"Tenho que fazer um alerta e um apelo. Alerta é a circunstância de segunda onda da covid-19, que chegou ao Brasil e mundo. Não tínhamos essa expectativa até outubro, mas São Paulo, Brasil e 215 países lamentavelmente estão vivendo a segunda onda deste vírus", afirmou o governador a 645 prefeitos de cidades paulistas.

Só uma cidade deve progredir

Na nova atualização do Plano São Paulo, algumas cidades do interior de São Paulo devem regredir da fase amarela para a fase laranja.

Com melhora nos índices, a região de Presidente Prudente deve sair da fase vermelha e entrar na fase laranja. Essa deve ser a única cidade a avançar na flexibilização nesta etapa do plano.

Em reunião virtual há dois dias, Doria cobrou os 645 prefeitos que tomaram posse em 2021 para que ajam com responsabilidade em relação às recomendações das autoridades estaduais no combate à pandemia.

O secretário de Desenvolvimento Regional de São Paulo, Marco Vinholi, chegou a dizer aos prefeitos que o governo vai priorizar "aqueles que seguem o Plano São Paulo" nos atendimentos e que aqueles gestores municipais que forem irresponsáveis com relação às recomendações do governo do estado irão para "o fim da fila".

Por outro lado, especialistas em direito consultados pelo UOL alertaram para possível inconstitucionalidade da decisão.