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Plano de imunização de SP botou pressão no governo federal, diz Dimas Covas

Do UOL, em São Paulo

11/01/2021 11h33

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, afirmou hoje que a divulgação do plano de imunização contra a covid-19 do governo do Estado de São Paulo acabou pressionando o Ministério da Saúde a tomar uma iniciativa em relação a um programa nacional de vacinação contra a covid-19.

"Essas idas e vindas, de fato, não são favoráveis ao momento que estamos vivendo e isso se refletiu em outras áreas, como o programa nacional de imunização, que não tinha definido a logística de tudo isso. É uma atuação um pouco vicariante e responsiva à pressão que foi colocada pelo programa de vacinação, que levou boa parte dos estados e municípios a buscar o Butantan pela vacina. Exerceu uma pressão muito grande", disse Dimas ao participar do UOL Entrevista, conduzido pelo repórter Nathan Lopes e o colunista Ricardo Kotscho..

Segundo Dimas, o Butantan trabalha para acelerar a vacina. "O quanto antes começarmos, teremos o efeito clínico, diminuições de assistência médica, que é o que precisamos que aconteça neste momento. Esse vai e vem que aconteceu em relação à vacina foi muito complicado. O Butantan é o maior fornecedor de vacina para o Ministério da Saúde, só a da gripe, oferecemos 80 milhões de doses ao ano. É o maior do mundo em vacinação da gripe. Com essa, esperávamos que fosse a mesma coisa", afirmou.

No sábado, o Ministério da Saúde anunciou que todas as doses da vacina contra o novo coronavírus que o Instituto Butantan produzir ou importar serão adquiridas pelo governo federal e distribuídas exclusivamente no SUS (Sistema Único de Saúde) aos estados.

Segundo Dimas, todos os estados que entraram em contato com o governo de São Paulo para obter doses da CoronaVac assinaram "documentos de intenção, que virariam contrato, não havendo incorporação da vacina ao programa nacional". Uma vez que o Ministério da Saúde se responsabiliza pela distribuição, esses acordos são extintos e a responsabilidade passa a ser federal.

"Temos contratos com Argentina, Peru, Bolívia, Uruguai, enfim, vários em andamento e vamos cumprir com um esforço enorme e fornecer a todos as doses para que possam reforçar os programas de imunização", completou.

O governo do estado de São Paulo apresentou na semana passada os dados da eficácia da CoronaVac, sendo de 78% em casos leves e de 100% em casos graves.

O instituto pediu o uso emergencial da vacina, produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac, na última sexta-feira à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), pouco antes da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) fazer o mesmo pedido para a vacina de Oxford. No sábado, a Anvisa anunciou que aceitou a documentação apresentada pela Fiocruz. Sobre a CoronaVac, a agência exigiu mais informações.