Butantan: Eficácia da CoronaVac se justifica por teste com 'estresse' maior
O Instituto Butantan se esforçou hoje para explicar a taxa de eficácia geral da CoronaVac, que ficou pouco acima do mínimo exigido de 50% para a aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No evento que anunciou a eficácia global de 50,38%, o diretor médico de pesquisa clínica da instituição, Ricardo Palácios, afirmou que os testes clínicos foram realizados com um "estresse" maior do que outros imunizantes contra a covid-19.
Na apresentação realizada na sede do Butantan, em São Paulo, falaram também especialistas na área de infectologia. Todos foram unânimes em defender a CoronaVac e demonstrar confiança de que o imunizante ajudará a reduzir drasticamente as internações pela doença causada pelo novo coronavírus. O evento não teve a presença do governador João Doria (PSDB).
"Pegamos o início da segunda onda no Brasil e isso colocou um estresse extraordinário no Brasil. Nenhum estudo colocou esse estresse", disse Palácios sobre os testes clínicos realizados no país até agora com 12.476 voluntários, todos profissionais da saúde —considerados do grupo de risco.
"Por isso, se vocês veem essa incidência, é várias vezes superior à taxa de ataque de qualquer outra vacina que tenha publicado dados. O número mais importante não é 50%", completou Palácios.
Segundo o Butantan, enquanto a vacina apresentou 100% de proteção para casos graves da doença, a menor taxa registrada nos testes clínicos foi para casos considerados muito leves. Neste grupo, 167 voluntários que receberam um composto neutro, conhecido como placebo, demonstraram sintomas, enquanto o número foi de 85 entre aqueles que tomaram a vacina.
A pesquisa envolveu 16 centros de pesquisa científica em sete estados e o Distrito Federal. O teste duplo cego, com aplicação da vacina em 50% dos voluntários e de placebo nos demais, envolveu 12,5 mil profissionais de saúde.
Eficácia "sacrificada"
Ainda de acordo com a instituição, os testes clínicos "sacrificaram" a eficácia para priorizar um número maior de voluntários contaminados, o que permite a análise mais abrangente sobre os efeitos da vacina.
"A gente estava sacrificando eficácia para aumentar número de casos e ter uma resposta mais rápida. Foi uma decisão arriscada, mas precisa", disse Palácios.
"A gente tinha predito que a vacina tinha menor eficácia em casos leves e maior nos casos graves. Conseguimos demonstrar ele. É uma vacina eficaz", acrescentou o diretor do Butantan.
Palácios também aproveitou para remeter a uma fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que questionou a segurança das vacinas contra a covid-19. Mais especificamente, Bolsonaro criticou o imunizante da Pfizer/BioNTech, alegando que os desenvolvedores não seriam responsabilizados "se você virar um jacaré".
"Temos uma vacina que consegue controlar a pandemia, com esse feito que é a diminuição da doença clínica. Como conclusão, a vacina é extremamente segura. Ninguém vai virar outra coisa além de um ser humano protegido e imunizado quando tomar a vacina", concluiu Palácios.
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