Governo demorou 3 meses para fechar compra de seringas da Opas, diz jornal
O governo federal demorou três meses para decidir sobre uma oferta de seringas feita pela Opas (Organização Panamericana de Saúde), de acordo com reportagem publicada hoje pelo jornal "O Globo".
A entidade, que atua como braço da OMS (Organização Mundial da Saúde) nas Américas, enviou em 8 de setembro um orçamento de 40 milhões de seringas ao Ministério da Saúde, que, segundo o jornal, só decidiu fechar o contrato em 10 de dezembro. E quando o fez ainda optou pelo frete marítimo, mais demorado que o feito por avião.
O orçamento enviado em setembro pela Opas totalizava US$ 4.679.406,76 (aproximadamente R$ 25,7 milhões) —quase US$ 0,11 por unidade (R$ 0,60) e a entrega seria feita por avião. Com isso, os primeiros lotes chegariam ao Brasil em dezembro, com previsão de conclusão do pedido até fevereiro.
Porém, a secretaria executiva do ministério avaliou que "o preço internacional não estava compatível com o preço ofertado pelo mercado brasileiro, em especial pela alta do dólar em relação ao real naquela época".
Só em 10 de dezembro, após um novo orçamento apresentado pela Opas em 7 de dezembro, é que a pasta decidiu comprar os insumos. O preço final foi fixado em US$ 1.368.976,76 (R$ 7.534.296), aproximadamente US$ 0,03 por unidade (R$ 0,17), com frete marítimo.
Com a opção pela entrega por navio, as primeiras seringas só chegarão ao país a partir de janeiro e não há previsão para a conclusão do pedido.
O jornal disse ter questionado o Ministério da Saúde sobre a demora em definir a importação de seringas e agulhas via Opas, por que a opção pelo frete mais demorado e se isso não colocaria em risco a estratégia de imunização do país. Não houve resposta.
Risco de faltar agulhas e seringas seringa
O risco de faltar agulhas e seringas para a campanha de vacinação contra o coronavírus no país, que ainda não tem data definida para iniciar, ficou evidente no final de ano.
Em dezembro, o Ministério da Saúde fez uma licitação pública para a compra de 331 milhões desses insumos, mas só conseguiu garantir 7,9 milhões de conjuntos. Diante do fracasso, o governo restringiu a exportação de seringas e agulhas fabricadas no país.
Em outra frente, o Gecex (Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior) zerou o imposto de importação desses insumos até 30 de junho.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nas redes sociais que a compra de seringas pelo Ministério da Saúde está suspensa "até que os preços voltem ao normal".
Ele argumentou que por causa da abertura da licitação os preços "dispararam". Já os fabricantes alegam que os os preços apresentados pelo governo estavam "extremamente defasados da realidade".
Tanto Bolsonaro como o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmam que não faltarão agulhas e seringas para a vacinação da população.
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