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Bolsonaro chama de "voluntários" aqueles que quiserem se vacinar no Brasil

O presidente Jair Bolsonaro usou termo "voluntário" para se referir a pessoas que vão se vacinar no Brasil - Alexandre Neto/Photopress/Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro usou termo "voluntário" para se referir a pessoas que vão se vacinar no Brasil Imagem: Alexandre Neto/Photopress/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

12/01/2021 08h21

Em mais uma declaração indicando sua posição contrária à obrigatoriedade da imunização contra covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou de "voluntários", em uma postagem no Twitter, aqueles que irão se vacinar. Voluntário é um termo usado normalmente para se referir a pessoas que participam das fases de teste, antes da aprovação de um órgão regulador.

Bolsonaro é contra a obrigatoriedade da vacinação de covid-19 no Brasil e constantemente adota tom crítico a imunizantes, desestimulando a adesão a eles. Ele já disse anteriormente que não pretende se vacinar com o argumento de que já teve a doença, contrariando orientação de especialistas e destoando de outros chefes de estado, que em sua grande maioria tem incentivado a população a aderir a imunizantes.

Bolsonaro usou o termo ao compartilhar um vídeo em que um jornalista faz elogios à atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e critica a imprensa em relação à cobertura do tema. Segundo o presidente, as vacinas estarão à disposição, após aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), "de forma segura e eficiente para todos os voluntários".

Em dezembro, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o governo federal, estados ou municípios podem determinar a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19. O uso da força para exigir a vacinação é vedado, mas será possível aplicar restrições de direitos para quem recusar a imunização.

Bolsonaro questionou a decisão, dizendo que ela será inócua. Ontem, Eduardo Pazuello, reafirmou a posição do governo contra a obrigatoriedade da vacina. "Vacina é grátis, e no que depende do presidente da República e do Ministério da Saúde será não obrigatória, No que depender, porque temos outros poderes no Brasil", disse.

Bolsonaro usa discurso de desestímulo à vacinação

O presidente tem apresentado um discurso que desestimula a vacinação. Na última semana, ao falar com apoiadores perto do Palácio do Planalto, Bolsonaro fez uma "enquete" sobre quem iria se vacinar, criticou a aprovação de vacinas para uso emergencial e disse que a maioria da população não pretende ser imunizada com elas.

"Vacina sendo emergencial não tem segurança ainda. Ninguém pode obrigar ninguém a tomar algo que você não tem certeza das consequências. Alguém sabe quantos por cento da população vai tomar vacina? Pelo que sei, menos da metade vai tomar vacina. Essa pesquisa eu faço na praia, na rua e em todo lugar. Mas pra quem quiser vacinar, em janeiro vai ter. Deve chegar 2 milhões de doses em janeiro. O pessoal pode tomar sem problema algum."

As vacinas que chegam na fase 3 de testes possuem segurança comprovada. Depois acontecem mais testes para avaliar a porcentagem de eficácia do imunizante. Todos esses resultados, tanto de segurança quanto de eficácia, são enviados para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que aprova os dados ou não, mesmo para uso emergencial - quando as doses são aplicadas apenas em grupos de risco.

Como Bolsonaro admitiu, essa pesquisa é pessoal e não tem base científica. De acordo com pesquisa Datafolha, 73% da população brasileira pretende se vacinar.

No momento, a Anvisa analisa pedidos de uso emergencial da CoronaVac e da vacina AstraZeneca/Oxford. Em caso de liberação, a expectativa é que a imunização nacional tenha início ainda neste mês.