Topo

Esse conteúdo é antigo

CoronaVac não é melhor vacina do mundo, é a vacina possível, diz Pasternak

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo*

12/01/2021 15h14Atualizada em 13/01/2021 11h08

Uma das representantes da comunidade científica que pediu por mais dados da CoronaVac, a microbiologista Natalia Pasternak avalia que o Brasil tem "uma boa vacina" após o Instituto Butantan anunciar uma eficácia geral de 50,38%. Ela pondera, entretanto, que é necessário realizar uma campanha de vacinação para que se alcance um bom resultado de imunização.

"Não precisa dizer que é a melhor vacina do mundo. Tem que dizer que é a nossa vacina, é a vacina possível, é uma boa vacina, que certamente vai iniciar o processo de sair da pandemia", disse a presidente do Instituto Questão de Ciência, em coletiva de imprensa em que o instituto anunciou a eficácia do imunizante feito em parceria com a farmacêutica Sinovac, da China.

Pasternak agradeceu ao Butantan e ao governo paulista por terem "acolhido o pedido da comunidade científica e da sociedade por maior clareza e maior transparência dos dados". "O Instituto Butantan mostra uma atitude científica de dividir esses dados", disse a a microbiologista, que avalia que isso evitará a criação de desinformação a respeito do imunizante e de iniciativas de movimentos negacionistas.

Não é a melhor vacina do mundo. Não é a vacina ideal. É uma boa vacina, que tem a sua eficácia dentro dos limites do aceitável pela comunidade científica.
Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência

A cientista disse que o resultado apresentado "tem seus sucessos e suas limitações". "[E eles] têm que ser comunicados de uma forma clara para que a gente tenha uma sociedade segura e que se sinta confortável com esses dados para entender o que está acontecendo."

Pasternak ressaltou que a CoronaVac esteve num estudo rigoroso. "Limpo, claro e que agora traz os resultados exatamente do que se propôs a fazer." Para ela, se os números não são os esperados, Pasternak diz que são "bons resultados, resultados honestos".

Eu quero essa vacina, eu quero que meus pais tomem essa vacina.
Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência

Campanha para incentivar vacinação

A cientista diz que, com a eficácia de 50,38%, o mais importante agora é uma campanha para incentivar a vacinação. "Só assim a gente vai ver um resultado real na sociedade."

Ela lembra que essa vacina pode prevenir doença grave e morte. "A gente nunca falou no começo da pandemia: 'eu quero a vacina perfeita'. A gente falou: 'quero uma vacina que nos permita sair dessa situação pandêmica'. E isso a CoronaVac tem potencial de fazer."

Fazendo cruamente uma análise de risco e benefício dessa vacina: eu tenho uma vacina cujo risco pessoal é quase zero porque os efeitos adversos são irrisórios. Mas eu tenho um benefício que não é só para mim, mas coletivo, de saúde pública de reduzir o risco de doença em 50%. Eu quero esse benefício.
Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência

Pasternak diz não haver justificativa para não usar uma vacina que é adequada para o país. E ela também lembra que "a vacina não é o fim" do processo de sair da pandemia. "E nem [vai] fazer isso instantaneamente. A gente vai ter que continuar com medidas de proteção por um bom tempo."

*Colaborou Allan Brito, em São Paulo