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Pazuello acusa Doria de deslealdade e diz que SP faz "marketing" com vacina

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

17/01/2021 16h19

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, acusou hoje o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de "desprezar a lealdade federativa" e promover uma "jogada de marketing". O ministro ficou irritado com o ato simbólico realizado em São Paulo para vacinar a enfermeira Mônica Calazans, primeira pessoa a receber uma vacina contra a covid-19 no país.

O evento ocorreu minutos após a Anvisa autorizar o uso emergencial da vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan (SP) em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Doria é adversário político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e deve enfrentá-lo na eleição presidencial em 2022.

A Anvisa também aprovou hoje a vacina Oxford/AstraZeneca, com participação da Fiocruz.

'Jogada de marketing'

Para Pazuello, o gesto de Doria foi uma "quebra de pactuação" em relação ao Plano Nacional de Imunização, que, segundo ele, teve o consentimento de todos os governadores.

"Quebrar essa pactuação é desprezar a igualdade entre os estados e entre todos os brasileiros, construída ao longo da nossa história. É desprezar a lealdade federativa", declarou.

O ministro também ironizou a vacina aplicada na voluntária em São Paulo e disse que poderia ter promovido uma cena semelhante por parte do Ministério da Saúde.

Em respeito aos governadores, não faremos uma jogada de marketing. Governadores, não permitam que movimentos políticos eleitoreiros se aproveitem da vacinação.
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde

O Ministério da Saúde defende que a vacinação deve começar de forma simultânea em todos os estados e estabeleceu critérios que, de acordo com Pazuello, garantem a distribuição proporcional e igualitária entre os entes federados.

São Paulo, por sua vez, tem um planejamento próprio, costurado a partir do avanço dos estudos com a CoronaVac.

Além da questão do calendário, há uma disputa política entre os Executivos estadual e federal quanto ao uso do imunizante desenvolvido pelo Butantan. O Ministério da Saúde exige que o instituto entregue à União as 6 milhões de doses que estão armazenadas em SP.

O argumento é de que há um contrato firmado entre as partes que garante exclusividade na aquisição e distribuição.

"Isso é uma questão jurídica que eu não vou responder agora. Quem vai dizer é a Justiça", comentou. "Como foi feita essa entrega sem ter feito a liquidação?", questionou o ministro, se referindo à dose utilizada em SP para vacinar a enfermeira Mônica Calazans.

O governo de São Paulo informou que vai deixar 1,4 milhão de doses no estado e enviar 4,6 milhões de doses para os outros estados.

Sobre uma possível configuração de quebra contratual, Pazuello disse que "qualquer movimento fora da linha [por parte do governo de SP] está em desacordo com a lei". "Nós temos muitas coisas no país em desacordo com a lei, é por isso que a lei existe."