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Butantan faz novo pedido de uso emergencial de 40 mi de doses da CoronaVac

Leonardo Martins

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/01/2021 12h45

O Instituto Butantan fez hoje à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) um novo pedido de uso emergencial de 4,8 milhões de doses da CoronaVac que já estariam prontos para distribuição. Segundo o governo estadual, o pedido engloba também a produção de mais 35 milhões de doses —o que pode levar a um total a 40 milhões de doses da vacina contra covid-19.

O pedido de uso emergencial aprovado ontem pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é correspondente a 6 milhões de doses que vieram da China e já estavam prontas para distribuição. Cada pessoa deve tomar duas doses do imunizante.

"Na manhã de hoje entramos com pedido de uso emergencial agora para todas doses de vacinas produzidas no Butantan. A primeira partida chegando a 4,8 milhões, já em disponibilidade à medida que for feita autorização", disse o diretor do instituto, Dimas Covas, em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista. "Esperamos que essa autorização aconteça o mais rápido possível."

Uma vez aprovada, a produção será feita de acordo com essa autorização. Não haverá necessidade de todo lote ser requisitado. Poderemos chegar à produção adicional de 35 [milhões] e um pouquinho, descartando esses 4 milhões. Eventualmente no acréscimo que já foi inclusive mencionado ao ministério, 56 milhões de doses adicionais."
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan

De acordo com ele, a Anvisa orientou o instituto a fazer a solicitação separadamente. "Poderíamos ter entrado com dois pedidos lá atrás", afirmou. "A Anvisa solicitou que primeiro terminasse um processo e na sequência aplicasse o segundo. A documentação é muito similar."

Em nota, a Anvisa confirmou o recebimento do pedido do Butantan e disse que já está analisando os documentos.

Dobrar a capacidade de produção

A expectativa do Butantan é conseguir duplicar a produção da vacina nesta semana, passando a produzir 2 milhões de doses diárias do imunizante. Caso consigam finalizar toda produção da vacina contra a influenza, os pesquisadores irão concentrar dois setores inteiros na produção da CoronaVac —vacina contra covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Butantan.

Ontem, durante entrevista coletiva para anunciar o início da vacinação, Covas disse que aguarda autorização do governo chinês para importação de novos insumos, que serão usados na produção de novas doses.

"Estamos com um pedido aprovado de importação lá na China e neste momento aguardamos uma autorização do governo chinês. Isso já deveria ter acontecido 15 dias atrás, não aconteceu, estamos em intenso contato com os chineses para que liberem essas doses, que serão suficientes para a produção de mais de 11 milhões de doses. Esperamos que isso se resolva nesta semana ainda", disse Covas.

Na entrevista de hoje, o cientista afirmou que a matéria-prima chinesa está "disponível e produzida" e que a autorização da Anvisa para uso emergencial, que saiu ontem, deve "facilitar" a decisão do governo chinês.

Mudança de planos

A necessidade de urgência na produção de mais doses da CoronaVac se deu na última semana, quando o Ministério da Saúde fracassou na negociação pelas vacinas da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), produzidas na Índia.

Sem doses de vacinas em mãos e com data marcada para o início da vacinação, o governo federal solicitou ao governo do Estado de São Paulo todas as doses produzidas da CoronaVac para distribuir ao resto do Brasil.

Dessa forma, o Butantan separou para o governo federal 4.636.936 doses, enquanto outras 1.357.640 vacinas continuaram em solo paulista, para serem distribuídas aos municípios do estado diretamente.

Em dezembro, o governador João Doria (PSDB) havia divulgado um plano estadual de vacinação para o estado de São Paulo, que previa a aplicação de 18 milhões de doses na primeira fase da campanha, entre janeiro e março. Com a distribuição das doses prontas para todo o país, o calendário deve ser refeito.