Pasternak cobra campanha e "personalidade menos bundona" de Pazuello
A microbiologista Natalia Pasternak disse hoje, em entrevista à GloboNews, que o governo federal precisa iniciar com urgência uma campanha nacional para incentivar a vacinação contra covid-19 e esclarecer dúvidas sobre o processo iniciado ontem com a aprovação da CoronaVac e do imunizante da AstraZeneca/Oxford.
Ressaltando que vacinas não são a "bala de prata" na pandemia do novo coronavirus, Pasternak ainda pediu que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, assuma o seu lado "mais racional" e se empenhe em campanhas para a imunização da população brasileira. Citando um comentário do analista político Valdo Cruz, que destacou o que chamou de várias personalidades do ministro, a microbiologista clamou pela "menos bundona".
"A gente precisa de boas campanhas de comunicação, publicitárias, como sempre teve com outras vacinas, e algum tempo não temos mais. Não podemos esperar deste Ministério da Saúde e governo federal boas campanhas de comunicação? O Valdo (Cruz) estava falando sobre as múltiplas personalidades do ministro da Saúde... de nada vai adiantar essa personalidade múltipla se ele não conseguir escolher para colocar em público a personalidade menos bundona. Desculpe, mas às vezes precisamos falar deste jeito", disse.
Com a cobrança, Pasternak se referiu a posturas conflitantes de Pazuello ao longo da pandemia. Em alguns momentos, o ministro adota uma política alinhada com recomendações da ciência, mas em outros flerta — ou não se opõe — a discursos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que desestimulam a vacinação e outras medidas de prevenção, como o distanciamento social.
"Ou o ministro tem coragem de assumir que ele vai usar a personalidade racional e deixar a bolsonarista de lado, ou não teremos campanha com a sociedade para que as pessoas se sintam confiantes e entendam como é o processo de vacinação. Vacina é uma estratégia fantástica, mas não é uma bala de prata. E isso precisa ser passado para a população de forma didática e oficial", disse.
Pasternak ainda criticou o fato de o Ministério da Saúde ter difundido informações sobre tratamento precoce consideradas enganosas, tanto que a postagem recebeu advertência do Twitter. De acordo com ela, a imprensa e institutos ligados à medicina estão fazendo o trabalho de conscientização que o governo federal deveria estar fazendo.
Presidente do Instituto Questão de Ciência, Pasternak tem se destacado durante a pandemia na tarefa de explicar para a população aspectos científicos do novo coronavírus e seu efeito.
"Não liberou geral"
Além do incentivo para a vacinação, Pasternak disse que uma campanha coordenada pelo governo federal seria importante para salientar que o início da vacinação não significa que as pessoas podem diminuir as medidas de restrições recomendadas para evitar a disseminação do novo coronavírus.
Ela destacou que a vacinação é mais uma arma para o combate à pandemia, mas que a imunidade coletiva ainda está distante.
"Tem que deixar claro o recado de como as vacinas funcionam. Tem que se comunicar com a sociedade, mas deixando claro que demora para ter o efeito protetor na sociedade. Mesmo você recebendo as doses, não liberou geral, porque nenhuma vacina protege 100% da população vacinada", disse
"A vacinação é uma estratégia coletiva, é mais uma arma, mas não podemos abandonar as armas que tínhamos antes, tudo que estávamos fazendo ou deveríamos estar fazendo, devemos reforçar", completou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.