Enfermeira que perdeu marido para covid é primeira vacinada no HC Botucatu
Os profissionais de saúde do Hospital das Clínicas de Botucatu começaram a ser vacinados contra a covid-19 ontem durante solenidade com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). A primeira pessoa a receber o imunizante foi a técnica de enfermagem Jacilene Rosa de Lima Almeida, de 40 anos.
Em entrevista para a TV Tem, a enfermeira disse estar emocionada. Há seis meses, ela perdia o marido para a covid-19. "Confesso que é muito emocionante. Perdi o amor da minha vida depois de 23 anos de casado. Fiquei com os meus dois filhos e voltei pra enfermaria de covid-19 com a força da minha equipe e do HC", contou.
Estamos numa guerra, mas essa é uma batalha que estamos conseguindo vencer.
Em julho, Jacilene testou positivo para o novo coronavírus, mas não teve sintomas. Seus filhos também tiveram a doença, mas apenas o marido apresentou um quadro grave. Ele morreu após uma semana de internação na UTI onde Jacilene trabalhava.
"Perdemos muitos soldados, mas vamos conseguir essa vitória juntos", afirmou.
Além de Botucatu, outros hospitais do interior receberam ontem a vacina. Entre eles, estão os Hospitais das Clínicas de Campinas, Ribeirão Preto, Marília e o Hospital de Base de São José do Rio Preto. No total, cerca de 60 mil profissionais destes hospitais serão imunizados contra a covid-19, diz o governo paulista.
Em São Paulo, a vacinação começou no dia 17, logo após o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso emergencial da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
A enfermeira Mônica Calazans, que trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, foi a primeira pessoa vacinada no país.
Ontem, o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse que as cerca de 1,4 milhão de doses disponíveis para São Paulo —6 milhões em todo o Brasil —são insuficientes para vacinar até mesmo o grupo prioritário, mas existe a previsão de que novas doses sejam disponibilizadas nos próximos dias.
"Temos cerca de 1,4 milhão de doses em São Paulo. Elas conseguem proceder a vacinação de 700 mil pessoas [são necessárias duas doses]. Só nos profissionais de saúde, são 1,5 milhão no estado, ou seja, precisamos de 3 milhões [de doses]", disse.
"Precisamos ter mais vacinas disponíveis, temos mais 4,8 milhões prontas [para serem distribuídas em todo o Brasil] esperando a documentação da Anvisa. Precisamos ir de forma gradual e progressiva, vacinando primeiro os profissionais e depois os outros grupos, para que a vacinação possa ganhar uma celeridade maior", disse.
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