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Aplicativo da Saúde que recomenda 'tratamento precoce' para covid sai do ar

Além do aplicativo, pacotes de cloroquina chegaram a ser distribuídos pelo Ministério da Saúde no país - DIEGO VARA
Além do aplicativo, pacotes de cloroquina chegaram a ser distribuídos pelo Ministério da Saúde no país Imagem: DIEGO VARA

Do UOL, em São Paulo

21/01/2021 13h59Atualizada em 21/01/2021 16h21

O aplicativo TrateCov do Ministério da Saúde saiu do ar hoje. A plataforma recomendava o "tratamento precoce" aos pacientes com sintomas da covid-19. A hidroxicloroquina e a azitromicina estão entre os medicamentos indicados e não têm eficácia comprovada para o combate ao coronavírus.

O aplicativo havia sido apresentado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na última semana, enquanto esteve no Amazonas.

A plataforma foi desenvolvida, inicialmente, para atender aos profissionais de saúde de Manaus. No entanto, as informações eram públicas e para ter acesso, bastava preencher um formulário de cadastro e obter as receitas.

O aplicativo sugere um diagnóstico por meio de um sistema de pontos que, segundo o ministério da Saúde, seguia "rigorosos critérios clínicos".

Tanto a cloroquina quanto os antibióticos poderiam ser receitados para um recém-nascido com diarreia e fadiga, acompanhando as orientações do aplicativo. A idade não interferia na pontuação apresentada na plataforma do Ministério da Saúde.

Conselho Federal de Medicina pede retirada

O CFM (Conselho Federal de Medicina) pediu a "retirada imediata do ar" do aplicativo TrateCov. Em nota divulgada hoje, o conselho diz que identificou diversas inconsistências no aplicativo.

De acordo com o conselho, a plataforma "induz à automedicação e à interferência na autonomia dos médicos, assegura a validação científica a drogas que não contam com esse reconhecimento internacional e não preserva adequadamente o sigilo das informações", entre outras questões.

Recomendação do "tratamento precoce"

Diante do colapso do sistema de saúde de Manaus, no Amazonas, o ministro Eduardo Pazuello reforçou que a pasta recomenda como estratégia o "tratamento precoce" para combater a covid-19.

"A medicação pode e deve começar antes dos exames complementares. Caso o exame lá na frente der negativo, reduz a medicação e tá ótimo. Não vai matar ninguém", disse o ministro.

Após sofrer pressão pelo discurso sobre o tratamento com medicamentos de eficácia não comprovada cientificamente para combater o coronavírus, Pazuello entrou em contradição e alegou que jamais incentivou o uso de medicamentos. No novo discurso, ele disse que, na realidade, defendia o "atendimento precoce".

(Com Estadão Conteúdo)