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Com explosão de casos mais graves, Porto Velho anuncia colapso na saúde

O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, em foto de arquivo. Ele anunciou hoje que rede de saúde da cidade entrou em colapso - Agência Brasil/Divulgação
O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, em foto de arquivo. Ele anunciou hoje que rede de saúde da cidade entrou em colapso Imagem: Agência Brasil/Divulgação

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Manaus

23/01/2021 18h14

O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), anunciou hoje que o sistema de saúde da capital e do estado de Rondônia estão em colapso em razão da covid-19.

Não há vagas para atender novos pacientes, que estão sofrendo um agravamento mais rápido da doença do que na primeira onda. A suspeita é de que a nova variante com origem no estado vizinho, o Amazonas, seja responsável pela explosão de casos.

O gestor afirma que nem mesmo o avanço de 23 para 73 leitos da rede municipal deu conta de atender os novos pacientes.

A situação hoje é muito mais grave daquela que tivemos no auge da pandemia, em junho e julho. Hoje o sistema de saúde de Porto Velho está em colapso, todos os leitos da prefeitura e do governo estão ocupados. Provavelmente viveremos uma situação parecida com a que vimos no Amazonas

Hildon Chaves (PSDB), prefeito de Porto Velho

O número de casos confirmados no estado mais que quintuplicou em apenas três semanas. Em 1º de janeiro, foram confirmados 270 casos e ontem, 1.422. O número segue crescendo

Segundo o prefeito, assim como relataram médicos ao UOL no Amazonas, os casos atuais que chegam para tratar covid-19 estão com maior gravidade e com avanço muito mais rápido do que os vistos na primeira onda.

"Nós não temos a confirmação científica ainda [que a nova cepa de origem do Amazonas está circulando aqui], mas a probabilidade e os sintomas hoje são muito parecidos: há um agravamento muito rápido de quem adoece. O que antes levava uma semana a dez dias hoje está em coisa de três, quatro dias. Isso levou a um estresse muito rápido à rede", afirma.

O prefeito ainda admite que o número de casos vem crescendo esse ano por conta de um relaxamento nas medidas de isolamento social durante o fim de ano.

"O call center que criamos no começo da pandemia está fazendo mil consultas por dia, com encaminhamento e medicações. Antes esse máximo foi de 800", completou.

Ontem, a Secretaria de Estado da Saúde anunciou que antecipou e disponibilizou mais 21 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) (11 no Hospital de Campanha e dez já existentes no Centro de Reabilitação) para reforçar o atendimento de pacientes com covid-19.

A capacidade ocupada da rede era ontem superior a 95%.

Nova cepa

Segundo a pesquisadora Deusilene Vieira, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em Rondônia, a proximidade com o Amazonas já tornava esperado que houvesse uma chegada da nova variante, e é provável que ela esteja por trás dessa alta.

"Nós já colhemos amostras de pacientes e mandamos para a equipe do cientista Felipe Naveca [da Fiocruz Amazônia], em Manaus. Nesse estudo estamos fazendo também uma correlação da clínica para saber se essa nova variante já está circulando aqui —e provavelmente está", explica.

Segundo ela, os relatos vindos de profissionais de saúde apontam para uma nova onda mais grave, assim como em Manaus.

"Esse perfil de agravamento é muito semelhante [ao do AM]. Alguns médicos também têm relatado aqui uma evolução de estado moderado para grave bem mais rápido que na primeira onda", diz.

Mais 1442 casos em um dia

Somente nesta sexta-feira (22), Rondônia registrou mais 15 mortes e 1.422 casos da covid-19, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Ao todo já são 2.085 mortes no estado durante a pandemia pela covid-19.

O prefeito ainda fez um apelo aos moradores da capital para que não saiam de casa a não ser em extrema necessidade.

"Se a propagação do vírus continuar neste volume, em um curto espaço de tempo, teremos pessoas sem atendimento e chegando a óbito por esse e outros motivos simplórios", assegura Chaves.