Presidentes foram presos por menos, diz Kalil sobre má condução da pandemia
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), comparou hoje a gestão do governo federal na pandemia do novo coronavírus com atos que levaram à prisão ex-presidentes da República. Segundo ele, "presidentes foram levados à prisão por muito menos".
"Acho que todos [gestores envolvidos] devem ser investigados. Esse negócio de pegar governador e prefeito que compraram respirador superfaturado é muito pouco para o que aconteceu nesse país. [A pandemia] é a maior tragédia que aconteceu aqui", disse Kalil para o UOL Entrevista, conduzido pelo colunista Josias de Souza e pela repórter Amanda Rossi. "Presidentes foram desrespeitosamente levados à prisão por muito menos. Nada é mais importante que uma vida".
Kalil também criticou a gestão do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). "Nós fomos muito mal conduzidos no caso da pandemia. Seria uma cretinice muito grande achar que o governo do Brasil levou essa pandemia como deveria ser levada".
As críticas se estenderam à escolha do general Eduardo Pazuello como Ministro da Saúde.
Nos governos militares, em todos os governos militares, os ministros eram médicos.
Alexandre Kalil, prefeito de BH
Confiança na vacina
No início de janeiro, Kalil decretou que o comércio da cidade fosse fechado em função do aumento de casos e mortes por covid-19. Mas durante a entrevista declarou que pode reabrir a cidade se as internações caíssem em 60% como em Israel, que, proporcionalmente, é o país que mais vacinou no mundo.
A vacina está aí. Em Israel, as internações caíram 60%. Se em BH, cair 60% eu abro a cidade amanhã.
Alexandre Kalil, prefeito de BH
Utilizando Israel como exemplo, Kalil afirmou também ter 200% de confiança na eficácia da vacina contra a covid-19.
Cloroquina
O prefeito de BH afirmou ter ouvido do filho, o ortopedista Felipe Kalil, que atualmente nenhum médico vai arriscar o registro profissional receitando cloroquina, inclusive no Exército, como tratamento precoce para a covid-19.
Kalil disse ter enfrentado a pressão para adotar o "kit covid" em BH e insinuou resiliência para lidar com as cobranças.
Pressão é de cada ser humano, não é uma coisa. É igual temperamento, caráter, isso é pressão.
Alexandre Kalil, prefeito de BH
"Os que buzinavam, passavam, xingavam, iam para a porta da minha casa domingo... Eu disse para a minha mulher: 'Isso aí só quando começar a empilhar caixão vai acabar, porque nós nos prevenimos, nós fomos a primeira cidade a fechar'. Então, quando começou aquela tragédia em Manaus, acabou a buzina. A pressão vem muito da pessoa. Eu sou daquela teoria: Não empurra não que é pior."
'Vitória do governo de SP é nítida'
Kalil avalia que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), saiu vitorioso na queda de braço com o governo federal a respeito da política de vacinação.
Que a vitória do governo de São Paulo foi nítida e clara, isso ninguém tem dúvida né. O que eu disse no inicio: Esse jogo já acabou, está todo mundo no vestiário tomando banho. Essa taça já levaram.
Alexandre Kalil, prefeito de BH
'Não vou fazer a festa com dinheiro dos outros'
Kalil também declarou que não tirou fotos junto dos primeiros vacinados de Belo Horizonte "por coerência": "Não fui eu que forcei a barra para a vacina", declarou ele.
Vou fazer festa com dinheiro dos outros, fazer festa para quem estimulou mesmo, que foi o governo de São Paulo?
No entanto, o prefeito de BH disse não descartar a possibilidade de divulgar amplamente quando for a sua hora de se vacinar, publicando vídeos e fotos.
Pretendo ajudar com a credibilidade da vacina. Acho que é um ato importante [divulgar o prefeito tomando vacina], porque não está furando fila, fazendo nada de errado e você pode levar algumas pessoas. Você tem uma liderança que ganhou uma eleição no primeiro turno, tem que imaginar que o povo tenha um pouco de confiança em você.
Alexandre Kalil, prefeito de BH
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