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Governo de SP pede para Bolsonaro parar de 'sabotar' medidas restritivas

O governo de João Doria acusa o presidente Jair Bolsonaro de causar um mau exemplo na condução da pandemia que levará pessoas a morte - Marcos Corrêa/PR
O governo de João Doria acusa o presidente Jair Bolsonaro de causar um mau exemplo na condução da pandemia que levará pessoas a morte Imagem: Marcos Corrêa/PR

Douglas Porto

Do UOL, em São Paulo

27/01/2021 20h08Atualizada em 27/01/2021 21h31

O Governo do Estado de São Paulo emitiu hoje uma nota de repúdio na qual pede para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "pare de sabotar publicamente as medidas restritivas, utilizadas em São Paulo assim como em outros estados e países para conter a pandemia" do novo coronavírus.

Na nota, o governo de João Doria (PSDB) afirma que o chefe do executivo nacional desrespeita as famílias das vítimas da covid-19, ao causar aglomerações e não utilizar máscara, e que seu mau exemplo levará pessoas à morte.

"Assim como se opôs à vacina do Butantan contra o coronavírus e depois mudou de ideia, o Governo do Estado de São Paulo espera sinceramente que o presidente Jair Bolsonaro pare de sabotar publicamente as medidas restritivas, utilizadas em São Paulo, assim como em outros estados e países para conter a pandemia", declara o governo paulista, em referência a declarações anteriores de Bolsonaro de que não compraria a CoronaVac, vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

Aglomeração em churrascaria

O governo criticou o episódio de hoje, no qual Bolsonaro fechou uma churrascaria em Brasília para receber ministros como Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Gilson Machado (Turismo), além de personalidades favoráveis à sua administração.

"E que detentor desta consciência moral não repita as lamentáveis cenas de hoje, em que ele e um séquito se aglomeraram sem máscara em uma churrascaria em Brasília. Este tipo de comportamento é ofensivo aos mais de 6 mil pacientes que o Estado de São Paulo tem hoje em leitos de UTI entre a vida e a morte, assim como às famílias das 218 mil vítimas de covid-19 de todo Brasil. Os brasileiros esperam ansiosos o dia em que o Presidente Jair Bolsonaro compreenda que o seu mau exemplo pode levar as pessoas à morte", conclui a nota do governo Doria.

Na ocasião, Bolsonaro xingou a imprensa pelo episódio da compra de leite condensado e outros alimentos por alto valor. "Quando eu vejo a imprensa me atacar, dizendo que eu comprei 2,5 milhões de latas de leite condensado", iniciou Bolsonaro durante o almoço no restaurante localizado na Vila Planalto. "Vai pra puta que o pariu!", esbravejou depois, sendo aplaudido pelos presentes, que incluíam os cantores Amado Batista e Rick, da dupla sertaneja Rick & Renner.

Ontem, parlamentares de oposição e a população pelas redes sociais repercutiram uma reportagem do portal Metrópoles, que apontava gastos do Executivo com alimentos supérfluos como chicletes, bombons, e, principalmente, leite condensado, que mais chamou a atenção por ser um item que o presidente da República gosta de passar no pão no café da manhã.

Segundo a matéria, o Executivo gastou R$ 15,6 milhões só com leite condensado em 2020.