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14 países das Américas detectaram novas variantes do coronavírus, diz OPAS

Getty Images
Imagem: Getty Images

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

27/01/2021 19h31

Pelo menos 14 países da região das Américas já detectaram variantes do novo coronavírus, informou o diretor assistente do departamento de emergências da OPAS (Organização Pan-americana de Saúde), Sylvian Aldihieri, em coletiva de imprensa. Mas, segundo ele, ainda é cedo para dizer se as variantes são a causa da nova onda de contaminações na região.

Ao menos 14 países dessa região estão detectando variantes que emergiram em outras regiões do mundo ou mesmo nesta região."
Sylvian Aldihieri, diretor assistente do departamento de emergências da OPAS

Segundo o diretor, até o momento, a variante detectada tanto na Europa quanto na África do Sul foi identificada na região apenas em viajantes e seus contactantes e não seria ela a causa do aumento dos casos e hospitalizações atualmente. "Não vemos nesse momento um impacto na dinâmica de transmissão na área onde essas variantes foram detectadas", afirmou.

No entanto, ele ressaltou que a variante registrada no Brasil foi identificada em maior escala nos infectados no estado do Amazonas, o que poderia indicar uma maior capacidade de transmissão. "Ainda é muito cedo para dizer que há uma relação entre a detecção dessa nova variante e a mudança na dinâmica da pandemia neste momento."

A recomendação do diretor é para que os países monitorem de perto esses novos casos e chequem a proporção no qual as variações crescem.

Segundo o diretor de emergência da OPAS, Ciro Urgante, medidas de contenção como quarentena têm mostrado efetividade também em conter o avanço das variantes, por isso é recomendado que elas sejam aplicadas nos países que as detectaram.

"Nos países em que foram observados um aumento significativo de casos, essas medidas têm mostrado que são muito úteis. Em todos os casos essas decisões têm que ser baseadas em análises de riscos", disse.

Detecção de novas variantes

As variantes passaram a preocupar depois que o Reino Unido anunciou a detecção de uma "até 74% mais contagiosa". O anúncio foi seguido por um novo lockdown no país e outras nações restringindo entradas de viajantes oriundos de lá.

Pouco tempo depois, com um aumento de casos em Manaus, foi detectada uma variante também no Brasil e a OMS (Organização Mundial da Saúde) já alertou que a cepa brasileira se espalhou por pelo menos oito países.

Segundo o informe da OMS, a partir de investigações preliminares feitas em Manaus, foi registrado um aumento na proporção de infecções pela mutação —de 52,2% em dezembro de 2020 para 85,4% em janeiro de 2021.

Essa nova cepa já levou países a impor restrições de viagens do Brasil. Foi o caso dos Estados Unidos e, mais recentemente, Portugal.

Brasil em pior situação na região

A diretora da OPAS, Carissa Etienne, destacou que os casos estão crescendo na América do Sul, sendo a Colômbia o país com a maior taxa de variação. Paraguai e Chile também veem um aumento das infecções, enquanto Argentina e Uruguai notam uma desaceleração.

As hospitalizações cresceram na Colômbia, Chile e no Peru, porém a diretora destacou especialmente o caso do Brasil. "A situação do Brasil é particularmente pior", disse.

Quase um quarto dos leitos de UTI em muitos estados brasileiros, desde a região Norte da Amazônia até a fronteira Sul do Uruguai, estão sendo usados para tratar pacientes de covid. E muitos pacientes dos hospitais de Manaus ocupam leitos de UTI, enquanto os casos crescentes ameaçam o sistema de saúde."
Carissa Etienne, diretora da OPAS

A diretora citou a morte da diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, Rosemary Pinto. Ao fim da coletiva, todos os presentes fizeram silêncio em homenagem à epidemiologista.

Quero destacar uma pessoa que perdemos nesta pandemia, doutora Rosemary Costa Pinto ou doutora Rose, como ela era conhecida. Ela era uma parceira da OPAS, uma líder local, impactando a vida de milhões em sua região. Infelizmente adoeceu e morreu do exato mesmo vírus que ela se dedicou para controlar. Hoje celebramos sua vida e dos milhões dos trabalhadores de saúde que continuam na linha de frente salvando vidas."
Carissa Etienne, diretora da OPAS

Etienne aproveitou para homenagear e agradecer todos os profissionais de saúde da região. "Nós sabemos que mais de um milhão de profissionais de saúde da região adoeceram com covid-19 e ao menos 4 mil, a maioria deles mulheres, morreram como resultado, afetando nossa capacidade de responder a essa emergência sanitária."