Puxado por Norte e Centro-Oeste, país tem 8º dia com óbitos acima de mil
Nesta quinta-feira (28), o Brasil teve o terceiro maior número de novas mortes por covid-19 registradas em um intervalo de 24 horas de toda a pandemia. De ontem para hoje, foram notificados 1.439 novos óbitos causados pela doença no país.
Também é o oitavo dia consecutivo que o país apresenta média de mortes acima de mil: a média é de 1.064 óbitos nos últimos sete dias. As informações foram levantadas pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, baseado nos dados das secretarias estaduais de saúde.
A diferença de óbitos em 24 horas é a maior desde 29 de julho, quando foi registrado o recorde de novas mortes entre um dia e outro: foram 1.554. O segundo número mais alto foi computado em 4 de junho, com 1.470. Isso não indica quando as mortes de fato ocorreram, mas, sim, a data em que passaram a constar dos balanços oficiais.
A média de mortes nos últimos sete dias, 1.064, também é a maior desde 4 de agosto, quando foi de 1.066. É o oitavo dia seguido em que o país apresenta média móvel de mortes acima de mil.
A variação na comparação com 14 dias atrás foi de 10%, o que representa estabilidade, ainda que em números muito altos.
A última vez na qual o país teve uma sequência tão longa na média foi entre 3 de julho e 2 de agosto (31 dias). Neste período, foi computado o pico de 1.097 óbitos em média, em 25 de julho.
Das regiões, não há nenhuma em queda. Norte (74%) e Centro-Oeste (28%) apresentaram aceleração. Nordeste (3%), Sudeste (-2%) e Sul (8%) registraram estabilidade.
Dos estados, 13 mais o Distrito Federal tiveram estabilidade. Oito apresentaram aceleração e cinco tiveram queda.
O Brasil também completou hoje três dias seguidos com registro de mais de mil novas mortes causadas pela covid-19. Na terça (26) e na quarta (27) houve 1.206 e 1.319 óbitos, respectivamente, elevando o total de mortes para 221.676.
De ontem para hoje, houve 60.301 diagnósticos positivos para o novo coronavírus; são 9.060.786 infectados desde o começo da pandemia.
O país também atingiu a marca de 1,5 milhão de vacinados contra a covid-19. No total, 1.509.826 pessoas já foram imunizadas até o momento, de acordo com informações fornecidas pelas secretarias de saúde de 22 estados e do Distrito Federal.
Especialistas indicam cálculo de média móvel
Para medir a situação das mortes por causa da covid-19, especialistas indicam usar a média móvel dos óbitos, que calcula a média de registros observada nos últimos sete dias. A operação é a mais adequada para observar a tendência das estatísticas, por equilibrar as variações abruptas dos números ao longo da semana.
O consórcio de veículos de imprensa adotou esse período para verificar as oscilações na média móvel. É possível falar em queda nos números quando a diminuição é maior do que 15% se verificado nos últimos 14 dias —no caso, o período das duas últimas semanas. Caso os números aumentem mais do que 15%, há aceleração da epidemia. Valores intermediários indicam estabilidade.
Veja a situação por estado e no Distrito Federal:
Região Sudeste
- Espírito Santo: estável (-3%)
- Minas Gerais: estável (13%)
- Rio de Janeiro: estável (-12%)
- São Paulo: estável (-2%)
Região Norte
- Acre: aceleração (33%)
- Amazonas: aceleração (114%)
- Amapá: estável (-9%)
- Pará: estável (13%)
- Rondônia: aceleração (30%)
- Roraima: aceleração (67%)
- Tocantins: queda (-22%)
Região Nordeste
- Alagoas: estável (11%)
- Bahia: estável (8%)
- Ceará: aceleração (53%)
- Maranhão: queda (-16%)
- Paraíba: estável (6%)
- Pernambuco: queda (-17%)
- Piauí: estável (12%)
- Rio Grande do Norte: estável (-15%)
- Sergipe: queda (-16%)
Região Centro-Oeste
- Distrito Federal: estável (10%)
- Goiás: aceleração (53%)
- Mato Grosso: aceleração (48%)
- Mato Grosso do Sul: estável (-5%)
Região Sul
- Paraná: aceleração (54%)
- Rio Grande do Sul: queda (-23%)
- Santa Catarina: estável (-10%)
Dados da Saúde
O Brasil registrou hoje o segundo maior número do ano de novas mortes provocadas pela covid-19 em um intervalo de 24 horas. De acordo com boletim divulgado pelo Ministério da Saúde na tarde desta quinta-feira (28), foram cadastrados 1.386 novos óbitos causados pela doença de ontem para hoje, elevando o total de mortes para 221.547 desde o começo da pandemia.
A marca só é inferior à verificada em 7 de janeiro, quando houve 1.524 novas mortes cadastradas em um intervalo de 24 horas. Com os números de hoje, o Brasil chegou ao terceiro dia seguido com mais de mil óbitos por covid-19 entre um dia e outro. Na terça-feira (26) e na quarta-feira (27), foram computadas 1.214 e 1.283 novas mortes, respectivamente.
De ontem para hoje, foram cadastrados 61.811 testes positivos para a covid-19 no Brasil, chegando a um total de 9.058.687 infectados desde o início da pandemia.
De acordo com a pasta, 7.923.794 pessoas se recuperaram da doença, com outras 913.346 em acompanhamento.
Com 220 mil mortes, Bolsonaro critica isolamento
Em meio à alta de casos e mortes por covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar medidas de isolamento e a insinuar que quem tem coragem não precisa respeitar a quarentena. Ele afirmou hoje que o povo brasileiro é "forte" e "não tem medo do perigo". O Brasil ultrapassou ontem a marca de 9 milhões de casos e 220 mil mortes pelo coronavírus desde o início da pandemia.
Na visão do governante, que está na contramão de especialistas em saúde e autoridades de vigilância sanitária, apenas "idosos" e pessoas "com comorbidade" devem ficar em isolamento. "O resto tem que trabalhar", declarou ele, na manhã de hoje, durante cerimônia alusiva à liberação do tráfego na ponte sobre o Rio São Francisco, entre Alagoas e Sergipe.
Bolsonaro se dirigiu aos governadores e, assim como em várias oportunidades anteriores, criticou a política de "fechar tudo e ficar em casa".
O discurso bolsonarista contra a quarentena como forma de desacelerar o contágio vem se repetindo desde o início da pandemia, no primeiro semestre do ano passado. Depois de atingir um pico de casos e mortes, os números começaram a retrair no ano passado e, aos poucos, estados e municípios foram flexibilizando regras.
Veículos se unem pela informação
Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.
O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes de autoridades e do próprio presidente durante a pandemia colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.
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