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Governo pede cronograma ao Butantan para assinar contrato por doses até 6ª

Funcionários manipulam frascos da vacina CoronaVac no Instituto Butantan, em São Paulo - Amanda Perobelli/Reuters
Funcionários manipulam frascos da vacina CoronaVac no Instituto Butantan, em São Paulo Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Do UOL, em São Paulo

30/01/2021 12h08

O governo federal formalizou um pedido ao Instituto Butantan para que a instituição apresente um cronograma de entrega dos 54 milhões de doses adicionais da CoronaVac, que tiveram a compra confirmada ontem pelo Ministério da Saúde, após pressão de governadores e prefeitos. A intenção da pasta chefiada pelo ministro Eduardo Pazuello é assinar o contrato para a aquisição das novas doses da vacina contra a covid-19 até sexta-feira (5).

O ministério enviou ontem um ofício ao Butantan pedindo para que o cronograma seja apresentado até quarta (3). Assinado o contrato de compra, o governo federal contaria com um total de 100 milhões de doses da CoronaVac para serem distribuídas pelo PNI (Programa Nacional de Imunização).

O UOL entrou em contato com o Butantan e aguarda posicionamento em relação às solicitações do governo federal. Assim que houver resposta, ela será acrescentada.

O imunizante do Butantan, instituto ligado à gestão do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi responsável por dar início à campanha nacional de vacinação contra a covid-19, há pouco menos de duas semanas. No entanto, até agora o Ministério da Saúde tinha se comprometido com a aquisição de apenas 46 milhões de doses, suficientes para imunizar 23 milhões de pessoas com as duas aplicações necessárias.

Junto com a confirmação da compra, o ministério vem sinalizando que agora apostará na CoronaVac para iniciar a "vacinação em massa da população", como afirmou ontem o secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, que assina o ofício enviado ao Butantan. Para isso, porém, é preciso ainda o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o registro definitivo da vacina.

Até agora, a CoronaVac e a vacina da AstraZeneca/Oxford vêm sendo aplicadas no Brasil graças a um pedido de uso emergencial. O aval só serve para a imunização de grupos prioritários.

Ontem, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que fará a produção nacional da vacina de Oxford, fez o pedido de registro definitivo do imunizante à Anvisa. Já o Butantan segue sem fazer a solicitação para a CoronaVac.

Cobrança por registro

No ofício enviado ao Butantan, o Ministério da Saúde demonstra preocupação com a ausência do pedido de registro definitivo da CoronaVac e cobra o Butantan. A pasta pede que a instituição paulista antecipe a solicitação e dá um prazo até o final de fevereiro para isso.

Após a solicitação, a Anvisa tem até 60 dias para a avaliação, mas é esperado que a agência federal agilize esse processo.

Outra cobrança feita ao Butantan é para que analise a possibilidade de antecipação da entrega do total de 46 milhões de doses adquiridas pelo ministério inicialmente. O instituto, porém, ainda aguarda a definição da chegada de insumos vindos da China para continuar produzindo o volume total negociado.

Até agora, o Butantan já forneceu 8,7 milhões de doses da CoronaVac ao PNI. A última entrega foi ontem, quando a instituição afirmou ter liberado um lote com 1,8 milhão de doses.

Ministério pede recibos

Ainda no ofício enviado à instituição paulista, a pasta de Pazuello responde a uma solicitação do Butantan, que pediu o pagamento dos primeiros lotes com 6 milhões de doses fornecidas ao PNI. Nos últimos dias, Doria já afirmou mais de uma vez que o Ministério ainda não fez nenhum pagamento ao Butantan.

Para que seja feito o acerto financeiro, o documento pede que o instituto envie recibos das entregas referentes aos 6 milhões de doses. O ministério também pede recibos das doses retidas pelo governo paulista para a distribuição no próprio estado.

A CoronaVac vem sendo o centro de discussões entre o governador João Doria e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), prováveis adversários na disputa eleitoral em 2022. O presidente já ironizou o imunizante, chamando-o de "vachina" e questionando sua efiácia. Por outro lado, Doria diz que é a vacina "dos brasileiros".