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Após pressão, governo confirma compra de 54 milhões de doses da CoronaVac

Dose da CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, instituição ligada ao governo paulista - Arthur Stabile/UOL
Dose da CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, instituição ligada ao governo paulista Imagem: Arthur Stabile/UOL

Rafael Bragança

Do UOL, em São Paulo

29/01/2021 19h31

O governo federal confirmou hoje que comprará mais 54 milhões de doses da CoronaVac para serem distribuídas pelo PNI (Programa Nacional de Imunização). O anúncio do Ministério da Saúde, que prometeu a compra junto ao Instituto Butantan para a semana que vem, dá fim à incerteza que rondava o plano nacional de vacinação contra a covid-19. A definição vem após pressão maior exercida pelo governo de São Paulo, mas também por outros estados e municípios.

Até agora, a pasta chefiada pelo general Eduardo Pazuello tinha adquirido 46 milhões de doses do imunizante, responsáveis por darem início à vacinação no país. O acordo do governo federal com o Butantan previa a opção de aquisição de um total de 100 milhões de doses, mas era necessária essa confirmação para a nova compra.

Em nota do Ministério da Saúde sobre a aquisição, a pasta também afirmou que vai solicitar à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que antecipe a concessão do registro definitivo da CoronaVac. A medida permite que a vacina possa ser aplicada a mais pessoas além dos grupos prioritários do plano nacional de vacinação, que estão sendo vacinados atualmente por meio de uma aprovação de uso emergencial.

"O Ministério da Saúde irá firmar o contrato de compra das doses junto à Fundação [Instituto Butantan] na semana que vem. Além disso, a pasta está solicitando a antecipação do registro da vacina junto à Anvisa, para ampliar a vacinação para toda a população brasileira", diz a nota do Ministério.

Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério, afirmou que a compra foi "uma orientação direta" de Pazuello e disse que, com o total de 100 milhões de doses e o eventual registro definitivo, é possível iniciar a "vacinação em massa da população brasileira".

A aquisição dos 54 milhões de doses pelo governo federal já havia sido antecipada hoje por Dimas Covas, diretor do Butantan, durante entrevista coletiva do governo paulista sobre a pandemia. Covas disse que havia recebido uma confirmação não oficial de que a compra seria assinada na próxima terça-feira (2).

Ameaça de doses fora do PNI

A definição encerra uma semana marcada por falas do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), cobrando a confirmação da compra e ameaçando negociar as doses adicionais diretamente com estados e municípios, já que o Butantan é ligado ao governo paulista. Desta forma, a maioria das doses a serem produzidas pela instituição nos próximos meses ficaria de fora do PNI.

Enquanto Doria ameaçava o governo federal com a venda direta a entes federativos da União, o diretor do Butantan chegou a falar em exportar as vacinas para outros países. Covas disse que a falta de acordo com o Ministério da Saúde geraria a possibilidade de vender as doses para nações vizinhas, começando pela Argentina.

Outros estados e municípios também pressionaram a administração federal pela definição. Ainda hoje, a FNP (Frente Nacional de Prefeitos) enviou um ofício ao Ministério cobrando a aquisição.

Já o Ministério da Saúde se mantinha até hoje sem dar uma previsão para definir a questão. A pasta afirmou esta semana que se manifestaria até o prazo final do contrato com o Butantan, que era 30 de maio.

Mais vacinas

Além da CoronaVac, o governo federal conta até agora com a vacina da AstraZeneca/Oxford para a imunização contra a covid-19. Hoje, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), instituição federal que produzirá a vacina no Brasil, fez o pedido de registro definitivo à Anvisa.

Por enquanto, o país recebeu 2 milhões de doses prontas da vacina vindos da Índia e ainda não tem uma previsão real para a chegada de insumos vindos da China para iniciar a produção nacional.